São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Nunca foi tão difícil conseguir um emprego

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

A recessão americana pode ter terminado oficialmente em 2009, mas nunca nos últimos 60 anos o trabalhador teve tanta dificuldade para conseguir emprego nos EUA como agora.
Atualmente, cerca de um terço dos desempregados, ou 4,4 milhões de pessoas, está sem trabalho há pelo menos um ano. Na média, o americano desempregado está fora da função há 40 semanas, número que não foi visto em nenhuma das dez recessões anteriores.
A crise do início dos anos 1980 foi a que mais se aproximou dos dados atuais, mas ainda assim o tempo na fila por trabalho era praticamente a metade do atual.
A explicação é que os cortes feitos pelas empresas a partir de 2008 foram muito profundos, e o ritmo de crescimento da economia tem sido insuficiente para reparar as perdas.
Economistas calculam que o PIB precisa crescer ao menos 3% para gerar vagas para os desempregados, e não apenas para aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho. No primeiro semestre, a economia americana se expandiu em 0,9%.
Por isso, muitos acreditam que a taxa de desemprego -hoje em 9,2%, quase o dobro do fim de 2007- continuará alta por até uma década.
Para muitos desempregados, a esperança de voltar à rotina para já na fila de seleção. Muitas empresas têm políticas que os desqualificam no início do processo, seja porque são considerados preguiçosos, seja porque são vistos como desatualizados.
"Quando um trabalhador fica sem emprego por muito tempo, fica deprimido, desmoralizado e perde suas habilidades porque não está mais atualizado com as novidades tecnológicas ou com as novas ferramentas", diz John Schmitt, economista-chefe do Center for Economic and Policy Research.
Para ele, a única "opção sensata" para a economia voltar ao seu rumo seria a adoção de um grande programa de estímulo fiscal pelo governo americano. "O problema fundamental é que não temos uma política macroeconômica coerente com a criação de empregos."
Mas, em um momento em que Washington discute unicamente o teto da dívida e cortes dos gastos estatais, Schmitt ressalta que "politicamente, o estímulo não é uma opção neste momento".


Texto Anterior: Republicanos dizem que conciliação com Obama se aproxima
Próximo Texto: Lei boliviana dá mais poderes a Morales sobre comunicações
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.