São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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AMÉRICA LATINA

Se vencer no 1º turno hoje, Vázquez será o primeiro presidente fora do revezamento entre blancos e colorados

Esquerdista é favorito em eleição no Uruguai

CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

Os uruguaios decidem hoje quem será o presidente que irá governar o país entre 2005 e 2010. A campanha foi encerrada na quarta-feira, mas as ruas de Montevidéu continuam lotadas de militantes e bandeiras da coalizão de esquerda Frente Ampla que, se ganhar no primeiro turno, como indicam todas as pesquisas de intenção de voto, encerrará um ciclo de quase 170 anos marcado pelo revezamento no poder entre os partidos conservadores Nacional, ou Blanco, e o Colorado.
Embora o candidato da Frente Ampla, Tabaré Vázquez, já tenha experimentado o gosto da quase vitória -ganhou a disputa pela Presidência no primeiro turno em 1999, mas a união de forças entre os dois partidos tradicionais garantiu a vitória ao colorado Jorge Batlle-, a confiança da esquerda é cada vez maior. Há semanas, governo, oposição e mídia já discutem o primeiro governo de esquerda da história do país.
Para ganhar no primeiro turno, Vázquez precisa reunir mais de 50% dos votos contando os brancos e os nulos. As várias empresas de pesquisa eleitoral apontam o candidato com pontos que variam entre 47% e 55% dos votos. Segundo a Corte Eleitoral, o resultado oficial será conhecido na madrugada da segunda-feira.
A campanha foi marcada pela tentativa dos dois candidatos com chances de disputar o segundo turno, se houver, de afastar o adversário do centro, espaço político reivindicado por todos.
O candidato do Partido Nacional, Jorge Larrañaga, tentou associar Vázquez a grupos radicais e marxistas e acusou a Frente Ampla de copiar sua proposta moderada de governo, mas de não ter competência para executá-la.
"Vázquez demostra que carece de programa e, portanto, não está capacitado para sustentar suas idéias", disse.
Vázquez, por sua vez, acusa Larrañaga de ter discurso de mudança e ao mesmo tempo reunir as mesma forcas políticas do passado. A campanha do candidato da situação, o ministro do Interior Guillermo Stirlling, do Partido Colorado, foi afetada pela fraca avaliação do presidente Jorge Batlle e pela deterioração das condições econômicas e sociais no país que possui 36% de pobres e 13% de desempregados.
"Quem triunfar no domingo deverá ter a grandeza para propiciar os entendimentos e inteligência para coordenar programas e projetos", disse.
Se ganhar, Vázquez não deverá ter muito trabalho para reunir apoio. As pesquisas também indicam que a Frente Ampla deverá ter maioria absoluta na Câmara e no Senado, com 49% dos votos para as listas da coalizão.
A maior força política da Frente Ampla é liderada pelo Movimento de Libertação Nacional (MLN), a legenda do antigo grupo guerrilheiro Tupamaros, que atuou clandestinamente durante a ditadura militar (1973-1984).
Desde que se legalizou, em 1984, os tupamaros ganharam uma importante expressão política.

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