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AMÉRICA LATINA
Se vencer no 1º turno hoje, Vázquez será o primeiro presidente fora do revezamento entre blancos e colorados
Esquerdista é favorito em eleição no Uruguai
CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Os uruguaios decidem hoje
quem será o presidente que irá
governar o país entre 2005 e 2010.
A campanha foi encerrada na
quarta-feira, mas as ruas de Montevidéu continuam lotadas de militantes e bandeiras da coalizão de
esquerda Frente Ampla que, se
ganhar no primeiro turno, como
indicam todas as pesquisas de intenção de voto, encerrará um ciclo de quase 170 anos marcado
pelo revezamento no poder entre
os partidos conservadores Nacional, ou Blanco, e o Colorado.
Embora o candidato da Frente
Ampla, Tabaré Vázquez, já tenha
experimentado o gosto da quase
vitória -ganhou a disputa pela
Presidência no primeiro turno em
1999, mas a união de forças entre
os dois partidos tradicionais garantiu a vitória ao colorado Jorge
Batlle-, a confiança da esquerda
é cada vez maior. Há semanas, governo, oposição e mídia já discutem o primeiro governo de esquerda da história do país.
Para ganhar no primeiro turno,
Vázquez precisa reunir mais de
50% dos votos contando os brancos e os nulos. As várias empresas
de pesquisa eleitoral apontam o
candidato com pontos que variam entre 47% e 55% dos votos.
Segundo a Corte Eleitoral, o resultado oficial será conhecido na madrugada da segunda-feira.
A campanha foi marcada pela
tentativa dos dois candidatos com
chances de disputar o segundo
turno, se houver, de afastar o adversário do centro, espaço político reivindicado por todos.
O candidato do Partido Nacional, Jorge Larrañaga, tentou associar Vázquez a grupos radicais e
marxistas e acusou a Frente Ampla de copiar sua proposta moderada de governo, mas de não ter
competência para executá-la.
"Vázquez demostra que carece
de programa e, portanto, não está
capacitado para sustentar suas
idéias", disse.
Vázquez, por sua vez, acusa Larrañaga de ter discurso de mudança e ao mesmo tempo reunir as
mesma forcas políticas do passado. A campanha do candidato da
situação, o ministro do Interior
Guillermo Stirlling, do Partido
Colorado, foi afetada pela fraca
avaliação do presidente Jorge Batlle e pela deterioração das condições econômicas e sociais no país
que possui 36% de pobres e 13%
de desempregados.
"Quem triunfar no domingo
deverá ter a grandeza para propiciar os entendimentos e inteligência para coordenar programas e
projetos", disse.
Se ganhar, Vázquez não deverá
ter muito trabalho para reunir
apoio. As pesquisas também indicam que a Frente Ampla deverá
ter maioria absoluta na Câmara e
no Senado, com 49% dos votos
para as listas da coalizão.
A maior força política da Frente
Ampla é liderada pelo Movimento de Libertação Nacional (MLN),
a legenda do antigo grupo guerrilheiro Tupamaros, que atuou
clandestinamente durante a ditadura militar (1973-1984).
Desde que se legalizou, em 1984,
os tupamaros ganharam uma importante expressão política.
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