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Uruguaios também decidem sobre a privatização da água
DA ENVIADA A MONTEVIDÉU
Os eleitores uruguaios não irão
à urnas hoje apenas para escolher
o próximo presidente e renovar a
Câmara dos Deputados e o Senado. Eles também vão decidir o futuro da propriedade da água.
O governo convocou para o dia
das eleições um plebiscito que vai
perguntar se os uruguaios aprovam uma emenda constitucional
que impede a privatização dos
serviços de saneamento.
Se votarem que sim, o artigo 47
da Constituição, que trata do tema, passará a estabelecer que a
água é um direito humano e não
uma mercadoria e que a provisão
de saneamento dever ser feita exclusivamente pelo Estado.
Apesar de ter aderido à onda liberal dos anos 90, o Estado uruguaio não sucumbiu às privatizações. Quase a totalidade dos serviços considerados públicos são
fornecidos pelo Estado. Mas as estatais chegam a ir além da entrega
de serviços de utilidade pública. A
petroleira estatal Ancap, por
exemplo, fabrica até whisky,
aguardente e outras bebidas alcóolicas.
O plebiscito de hoje não é uma
novidade no país. O Uruguai tem
uma longa tradição de consultas
populares para criar novas leis ou
mudar a Constituição. Segundo o
historiador e analista político Gerardo Caetano, desde o início do
século passado foram realizadas
16 consultas públicas.
Com a volta da democracia, em
1989, os uruguaios decidiram nas
urnas se os crimes da ditadura
militar (1973-1984) seriam punidos judicialmente. Optaram pela
caducidade dos crimes. Em 1992,
os uruguaios votaram contra a
privatização das estatais. O último
referendo foi no ano passado. A
maioria recusou a proposta de associação da petroleira estatal com
o capital privado.
Anteontem, o socialista Tabaré
Vázquez, favorito nas campanhas, se disse disposto a impulsionar um novo plebiscito caso
saia vitorioso hoje. O tema é espinhoso: a legalização do aborto,
hoje ilegal no país.
O aborto "é um tema realmente
importante, nós, como médicos,
conhecemos bem essa situação e
pessoalmente pensamos que é
um tema que a sociedade tem de
avaliar em seu conjunto", justificou Vázquez, durante entrevista a
jornalistas estrangeiros.
(CLÁUDIA DIANNI)
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