São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES NA VENEZUELA

Pesquisas dão vitória à situação em eleições locais na Venezuela; líder da oposição arrisca perder governo

Chávez deve prevalecer em pleito regional

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de colher derrotas amargas nas eleições de hoje, o seu colega venezuelano, Hugo Chávez, deve terminar o domingo comemorando uma histórica vitória sobre a oposição nas eleições para governador, prefeito e deputado estadual.
Dois meses e meio depois de ganhar o plebiscito que assegurou a sua permanência no poder, Chávez deve conquistar a maioria dos 23 Estados, impedir a reeleição do principal líder da oposição e avançar sobre as 337 prefeituras em disputa -hoje, a maioria está nas mãos de antichavistas.
"Será uma vitória vermelha em todos os lugares, uma maré vermelha bolivariana", discursou Chávez recentemente. Desde o plebiscito, ele tem falado que as eleições regionais serão cruciais para "aprofundar a revolução".
Pesquisas eleitorais recentes mostram o governador de Miranda (região de Caracas), Enrique Mendoza - no poder desde 1995 e que até o plebiscito era cotado para sair candidato a presidente caso Chávez perdesse aquela votação-, sendo derrotado pelo chavista Diosdado Cabello.
Chávez está jogando todas as fichas no Estado, o segundo mais populoso do país, e espera dominar também o Legislativo estadual e várias prefeituras.
As pesquisas também apontam a vitória oficialista no governo metropolitano de Caracas, onde o oposicionista Alfredo Peña até renunciou à candidatura.
O oficialismo, porém, está poucos pontos atrás em Zulia (noroeste), Estado populoso do país onde se concentra a indústria petrolífera, hoje com a oposição.
Para ganhar ali, Chávez, que é tenente-coronel, escolheu o general Alberto Gutiérrez, um dos muitos militares que deixaram a caserna para disputar as eleições pelo oficialismo.
Ao todo, oficialismo deve ganhar de 18 a 20 Estados, contra os 15 atuais. A única derrota certa é no pouco importante Estado de Nova Esparta, atualmente governada por um chavista.

Abstenção
Além do impulso conquistado pela vitória no plebiscito de 15 de agosto, Chávez foi beneficiado pela péssima estratégia da Coordenação Democrática (CD, coalizão oposicionista) após a derrota.
Contrariando o parecer dos observadores internacionais de que a votação havia sido limpa, a CD insiste até hoje na existência de uma megafraude nas urnas eletrônicas a favor de Chávez.
A decisão acabou dividindo a oposição em três: alguns, como o governador de Zulia, Manuel Rosales, reconheceram logo a vitória de Chávez.
Dois partidos discordaram da posição predominante na CD -a de continuar denunciando a fraude, mas participar das eleições regionais- e decidiram boicotar o pleito.
Com isso, em vários Estados e municípios, o campo oposicionista saiu com dois ou mais candidatos, favorecendo Chávez.
Para o eleitor antichavista (41% no último plebiscito), a mensagem não podia ser pior, e o resultado é que candidatos como Mendoza agora centram seus esforços para convencer o eleitorado a votar mesmo acreditando que houve fraude na vitória chavista. Na Venezuela, o voto é facultativo.
Além disso, o Centro Carter e a Organização dos Estados Americanos decidiram não atuar como observadores novamente, alegando que a oposição não reconheceu o trabalho feito no plebiscito.

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