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O IMPÉRIO VOTA
Depois de amanhã, EUA decidem se Bush ou Kerry será o seu próximo presidente
Radicalmente divididos americanos vão às urnas
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Rachados ao meio e com expectativa de comparecimento recorde às urnas, os norte-americanos
votam depois de amanhã para escolher seu presidente para os próximos quatro anos. Disputam a
primazia de dirigir a nação mais
poderosa do planeta o republicano George W. Bush, 58, e o democrata John F. Kerry, 60.
Será uma das eleições mais importantes e disputadas da história
americana. A dois dias da votação, o país está francamente eletrizado pelo processo e pela expectativa de seus resultados.
Na reta final, uma nova surpresa. A reaparição em um vídeo do
inimigo número 1 dos EUA, o terrorista saudita Osama bin Laden,
resgatou na memória americana
os eventos que mudaram substancialmente o país há três anos.
Com as campanhas entrincheiradas em posições muitas vezes
radicalmente opostas e com os
ânimos exaltados desde 2000, não
são pequenas as chances de republicanos e democratas não acatarem com serenidade o resultado
das urnas nesta eleição.
Um resultado apertado como o
de 2000 pode desencadear uma
batalha judicial sem precedentes.
Desta vez, há pelos menos oito
"Flóridas" em potencial.
Centenas de advogados dos
dois partidos já estão a postos em
vários Estados para enfrentar a
"tempestade perfeita" em que pode se transformar esta eleição.
Com as últimas pesquisas indicando um empate entre Bush -o
43º presidente da história americana- e Kerry, um resultado claro e incontestável dependerá
muito do número de pessoas que
sairá de casa para votar. Nos EUA,
o voto é facultativo.
Mais de 10 milhões de novos
eleitores se registraram para votar
em 2004, elevando o total de possíveis votantes a 143 milhões, um
recorde histórico. Até terça, 25%
dos eleitores terão votado, antecipando processo que envolverá 2
milhões de funcionários em 200
mil seções eleitorais.
Refletindo os ânimos acirrados,
cada candidato tem hoje o apoio
de 90% dos eleitores de seu próprio partido. Nunca tanto dinheiro foi despejado em uma campanha e nunca uma eleição aglutinou tantos eventos importantes.
O pleito de terça-feira será o primeiro desde o 11 de Setembro e a
invasão do Iraque. A última vez
que os americanos votaram em
tempos de guerra foi em 1972, durante o Vietnã.
A atual campanha foi uma das
mais hostis da história americana,
com ataques pessoais diários e
marcada por golpes baixos, acusações, mentiras e exageros em
anúncios de TV e em três debates.
Na campanha, Bush tentou
compensar suas fraquezas ressaltando sua maior força, a confiança que a maioria dos americanos
deposita nele como comandante-em-chefe das Forças Armadas.
O presidente explorou o 11 de
Setembro à exaustão, vestiu uniformes militares e foi ao encontro
de sua base religiosa fundamentalista, de onde espera colher milhões de votos que não se apresentaram na eleição passada.
Kerry criticou reiteradamente o
que classifica de caos no Iraque.
Também enfatizou a fragilidade
econômica e questionou a competência da atual administração.
O democrata foi amplamente
beneficiado por uma das mais
bem sucedidas estratégias de um
partido nos EUA, que o ungiu
candidato logo no início do ano,
algo absolutamente incomum.
A antecipação permitiu uma
concentração de forças e recursos
que conseguiu equiparar os democratas à imensa e rica máquina
eleitoral republicana.
Depois de uma das mais longas
campanhas, restam ainda cerca
de 5% de indecisos. Está nas mãos
deles, no final, o veredicto sobre
quem governará os EUA.
Contra Bush, pesam uma economia em crescimento que teima
em não criar empregos, uma situação de descontrole no Iraque e
a falta de soluções para problemas
internos que o 11 de Setembro e
duas guerras acobertaram durante o seu mandato.
Sobre Kerry, paira dúvida crucial: se é a pessoa certa para comandar os EUA após o 11 de Setembro e a Guerra do Iraque.
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