São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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"Receita caseira" de John McCain desandou com a vinda de Palin

Republicano também mudou campanha, mas não soube amarrar mensagem

DE NOVA YORK

A receita caseira da campanha de John McCain, com um candidato acessível à mídia e falando em comícios pequenos sob tendas quase circenses, temperou sua campanha até a Convenção Republicana, quando a chegada da governadora Sarah Palin o fez mudar de fórmula e colocou a chapa republicana na era das celebridades.
Com Palin como vice, ele mudou sua estratégia de estrada. Comícios grandiosos para milhares de pessoas substituíram os "townhalls" (encontros comunitários), em que reunia, no máximo, 300 eleitores.
Com cartazes feitos à mão com canetinha e cara de reunião de condomínio, esses pequenos eventos não tinham como principal alvo o punhado de eleitores presentes, mas os milhões que o assistiam à distância. Pela internet e a TV, via-se um administrador mais afeito a se aprofundar nos problemas do povo do que a fazer shows.
Colado a essa estratégia, McCain também atacava Obama por ser, dizia ele, "um popstar vazio". Seu anúncio ligando o rival às celebridades-problema Britney Spears e Paris Hilton foi um dos mais comentados da campanha.
Mas a chegada de Palin, ex-miss, 44 anos (três a menos que Obama e 28 a menos que McCain), o fez retirar essa carta da mesa e empurrar sua parceira para o estrelato.
Ao contrário de Hillary Clinton, que preparou um guarda-roupa de terninhos monocromáticos que lhe conferiam uma imagem simples e masculinizada, Palin ganhou US$ 150 mil em roupas de grifes famosas.
"Como Obama, McCain pode ter mudado a fórmula no momento adequado, mas ele tem um problema extra. Enquanto Obama amarrou seu discurso dentro de uma mensagem bem definida, "mudança", McCain ficou perdido entre várias outras. Se vendeu como "herói", "experiente", "distante de Washington" e até "mudança". Se perder, a estratégia entra automaticamente como exemplo antológico de marketing político ruim", diz Michael McDonald, do Instituto Brookings. (DANIEL BERGAMASCO)


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