São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

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entrevista

"Honduras percebeu que tempo acabava"

DE WASHINGTON

Leia, a seguir, os principais tópicos da teleconferência realizada ontem com o secretário-assistente para o hemisfério Ocidental do Departamento de Estado americano, Thomas Shannon, da qual a Folha participou: (SD)


 


DESAFIO
"A restituição do presidente Zelaya [é a parte mais difícil]. O acordo efetivamente remete a questão para o Congresso, com tanto Zelaya como Micheletti concordando que, no fim, será o Congresso, em consulta com a Suprema Corte e outros organismos do Estado hondurenho, que determinará quando, se e como o presidente Zelaya volta ao poder. Essa é a questão que vai ser a mais provocativa internamente em Honduras e provavelmente aquela à qual nós e a comunidade internacional teremos de prestar mais atenção."

DECISÃO
"O componente dissidente ainda está lá, há um Partido Liberal [de Zelaya e Micheletti] fraturado, que está concorrendo nas eleições e que está procurando uma maneira de reparar essas fraturas e apresentar uma frente mais unida nas eleições. E há um Partido Nacional que não quer ser atrelado de uma maneira ou de outra ao futuro do presidente Zelaya e por isso está insistindo em que o Partido Liberal se defina antes de se definir ele mesmo. Há uma dinâmica política em evolução dentro do Congresso que faz com que toda essa questão esteja indefinida."

ARGUMENTO
"O reconhecimento que Honduras tem de ir para as eleições com o apoio da comunidade internacional e que a falta desse apoio jogaria o país ainda mais fundo na crise política [foi o argumento decisivo para o acordo]. [A negociação] foi um risco político que valeu a pena, para garantir que em 29 de novembro haja observadores internacionais, amplo reconhecimento na OEA e que as eleições sejam livres, justas e legítimas. E que o presidente que tome posse em 27 janeiro esteja em posição de pedir a reintegração de Honduras na comunidade internacional e começar a ter acesso de novo a instituições financeiras internacionais."

POR QUE AGORA?
"Foi o desejo da comunidade internacional de acompanhar esse processo eleitoral. O dia de ontem [quinta] foi importante, pois marcava um mês antes das eleições. Havia o entendimento de todos os hondurenhos de que a hora havia chegado e de que Honduras não tinha mais tempo, que não havia mais espaço para eles hesitarem. Isso levou à decisão mais que qualquer oferta."


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