São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005


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COM LICENÇA?

Levantamento da Folha com 50 empresários revela principais dúvidas e obstáculos

Licenciamento ainda é "obscuro"

renato Stockler/Folha Imagem
Rosa Maria Canosa, da Fidalga, que desistiu de licenciar artistas


DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

O uso de licenciamento de produtos no Brasil já completou meio século, mas as dúvidas e queixas sobre o tema persistem até hoje entre os empresários.
Prova disso é o resultado de um levantamento realizado pela Folha com 50 empresas de diversas áreas: todas enfrentam problemas ao cogitar a adoção da licença de marcas (leia quadro abaixo). Entretanto, segundo executivos com experiência no tema, os obstáculos são contornáveis desde que seguidas algumas orientações.
"O licenciamento é uma ferramenta que precisa ser bem ajustada para se tornar eficiente. O agente da marca e a empresa precisam estar em contato constante e trabalhar juntos desde a escolha do personagem até as campanhas de divulgação do produto", afirma Marici Foroni, gerente de marketing da Foroni (cadernos).
Gilson Mendes Pinto, diretor comercial da Primicia (malas), conta que evita licenciar quando o agente não possui infra-estrutura para dar suporte durante o processo de desenvolvimento do produto e na hora da divulgação.
"Evito também personagem que não tenha se popularizado entre os meus clientes e tento saber quais são as outras empresas que aderiram ao projeto."
Além de se preocupar com o ciclo de vida do personagem e com o investimento que o agente faz na propriedade, o gerente de marketing da Maritel (pelúcia), Denis Barba, diz que é importante buscar a redução do tempo de negociação e de aprovação da proposta, a fim de não comprometer o lançamento do produto.
"O agente precisa defender os interesses da indústria na negociação e no processo de aprovação dos produtos para evitar desgastes na relação e também motivar os varejistas a realizar futuras transações", comenta.
Os cuidados não param aí. É na avaliação do contrato de licenciamento que o processo emperra. "Existe uma supervalorização da licença por parte de alguns agentes, que, no afã de conseguir a melhor remuneração para a sua propriedade, perdem a noção da nossa realidade", revela Carlos Augusto Rossette, gerente da indústria gráfica São Domingos.
Segundo ele, os contratos geralmente são leoninos, ou seja, "aos licenciantes tudo e aos licenciados quase nada". "Os agentes e quem licencia não querem um contrato solidário, com riscos divididos. Um eventual fracasso é sempre responsabilidade do licenciado."
Para Marcius Dal Bó, da Grendene (calçados), flexibilidade é a palavra-chave. "Muitas vezes temos grandes idéias, mas as licenças, cheias de regras, matam iniciativas geradoras de mais negócios e de visibilidade." (RM)


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