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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003


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GESTÃO

Empresários congelam vagas, renegociam contratos e diversificam produção para manter as equipes

Criatividade evita cortes de pessoal

SILVIA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em tempos de demanda fraca, os empresários brasileiros têm de recorrer ao jogo de cintura para evitar demissões. Medidas como a realocação de pessoal e o congelamento de vagas são algumas das soluções exploradas para manter o quadro de funcionários intacto.
"O Brasil é o país em que mais se tem de ter jogo de cintura", confirma a empresária Sônia Hess de Souza, presidente da confecção Dudalina. Ela diz que, para driblar a crise, as firmas têm de ser criativas. Exportar é uma das estratégias para frear os cortes.
"Há meses em que não existe grande demanda do mercado interno. Nesses períodos, procuramos o mercado externo", conta.
A diversificação dos produtos é outra alternativa para manter a equipe em tempos de crise.
Eduardo Faiman, sócio-diretor da Malharia Tânia, ingressou há quatro anos no segmento de roupas femininas e tem obtido resultados robustos. Durante quase 50 anos, a empresa produziu somente vestimentas masculinas. "Hoje, a confecção de roupas femininas já representa 30% do nosso faturamento", comemora Faiman.
Pesquisa recente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) aponta que o aumento da produtividade é uma das alternativas adotadas para lidar com a pressão de custos e com o fantasma das demissões.
O professor de administração de recursos humanos da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Lindolfo Galvão de Albuquerque, reforça que o crescimento do negócio é condição para a manutenção da força de trabalho e eventuais admissões. "Primeiro [é preciso] crescer, para depois contratar", ensina.
O estímulo ao engajamento dos funcionários da empresa melhora o desempenho das corporações. "Não se deve tratar o empregado como um recurso, mas como um parceiro", afirma Albuquerque.

Lógica inversa
Para o diretor de recursos humanos do laboratório alemão Boehringer Ingelheim, Guilherme Cavalieri, a saída para driblar a fraqueza econômica deveria ser o aumento das vendas, e não a diminuição dos custos. "Isso deveria ser o mote das companhias. Mas muitas vezes as empresas adotam a medida mais fácil", diz, referindo-se às demissões.
Repasse do aumento de custos para o preço final, tomada de empréstimos e diminuição das margens de lucro e dos investimentos previstos são outras soluções adotadas para evitar cortes.
"São alternativas criativas", diz a diretora da área de pesquisas econômicas da Fiesp, Clarice Messer. "Os funcionários têm um custo alto [de treinamento] para que sejam abandonados assim."


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