São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004


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RECICLAGEM

Gigantes criam tecnologia para que empresas menores aproveitem material descartado

Grandes e pequenas criam dependência

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Empresas de grande porte têm estabelecido uma espécie de troca de favores com pequenas e médias -elas desenvolvem tecnologia e fornecem equipamentos às interessadas em entrar no negócio da reciclagem. Com isso, ficam "de bem" com o ambiente.
Uma delas, a Tetra Pak, responsável pela produção das embalagens longa vida, investiu em tecnologia para tornar possível o reaproveitamento do material. "O papel já era reciclado, mas o restante, uma massa formada por alumínio e plástico, ainda não", afirma Fernando von Zuben, 45, diretor de meio ambiente.
Para proporcionar 100% de aplicação do material, a equipe de engenheiros criou uma saída: produzir placas e telhas a partir das sobras do processo de reciclagem do papel. E vem dando certo.
Atualmente, a parceria já atinge nove empresas menores, cuja produção -telhas e placas empregadas na construção civil para substituir o madeirite- é inteiramente absorvida pelo mercado.
Para incentivar o processo, a Tetra Pak também atua no início da cadeia de reciclagem, orientando e fornecendo subsídios para cooperativas de reciclagem.
A Eco Futuro é uma das beneficiadas pela parceria. A empresa consome cerca de 40 toneladas/ mês de plástico e alumínio para produzir 2.000 telhas/mês. O investimento inicial, feito em dezembro de 2002, foi de R$ 300 mil. "Nossa expectativa é que esse investimento seja recuperado em pelo menos cinco anos", diz Sérgio Luiz Mirocchi, 46, diretor-presidente da Eco Futuro.
A empresa conta com dez funcionários e recebe todo o material dispensado pela indústria Klabin na reciclagem do papel. "Não se perde absolutamente nada do que foi fabricado anteriormente."

Latas de aço
No Brasil, as latas de aço têm um índice de reciclagem de 78% graças a iniciativas como a da Reciclaço, criada em 2001. A empresa faz a ponte entre os pequenos coletores de latas e as empresas de fundição. Sua criação foi idealizada pela Companhia Metalic Nordeste, do grupo CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), com o objetivo de recuperar latas de aço produzidas pela própria Metalic.
Para dar seqüência ao processo, a Reciclaço possui parceria com uma siderúrgica, que recebe o material coletado por sucateiros de todo o país. "Com isso, podemos determinar um preço de R$ 0,20/kg, que deve ser obrigatoriamente repassado ao catador. É maior do que o valor que é normalmente pago ao catador de sucata ferrosa, mas foi uma forma encontrada para estimular o processo", diz João Manoel Fernandes, coordenador de marketing.
A rede de coleta de materiais da Reciclaço tem hoje mais de 350 pontos de compra de latas distribuídos em 16 Estados brasileiros. Todas as latas consumidas e coletadas são reaproveitadas pela indústria siderúrgica.


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