São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002


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Embate com as grandes redes não está somente no preço, aponta pesquisa; proximidade e rapidez contam muito

Atendimento é maior trunfo dos pequenos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A instalação de grandes redes de locadoras, de hipermercados, de farmácias e de magazines interfere na organização do varejo de vizinhança, mas a fase pior, quando tinham efeito devastador sobre os menores, já passou.
Pelo menos é essa a análise feita pelo economista Nelson Barizzelli, professor da FEA-USP.
"As grandes lojas, chamadas também de 'category killers' [eliminadoras de categorias], quando apareceram, suprimiram os varejos de pequeno e de médio porte", lembra Barizzelli.
"Mas o ímpeto delas diminuiu em alguns setores, e os menores sobreviveram, e sobrevivem, porque descobriram que suas principais qualidades são a proximidade e o atendimento, não o preço."
Em um levantamento realizado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga), com 153 lojas varejistas em 1999, proximidade, atendimento e rapidez no caixa foram os fatores mais citados como os que levam o cliente a escolher uma "loja de vizinhança". "O preço muitas vezes nem era encionado", afirma Barizzelli.
Ele foi coordenador de um projeto da Fundação Instituto de Administração da USP com o Sincovaga entre 1997 e 2000, que reuniu mercadistas da Grande São Paulo. A proposta era discutir temas que possibilitassem a melhoria das lojas e a redução de custos a fim de vencer a concorrência.

Davi x Golias
Se os pequenos preferem o convívio pacífico com os grandes a competir com eles, existe um time intermediário que consegue não só concorrer mas também assustar as grandes companhias.
A rede D’Avó, por exemplo, está entre as 20 maiores empresas de supermercados do país, com cinco lojas na zona leste de São Paulo (quatro com 50 caixas egistradoras e uma com 21) e dois hipermercados, um em Suzano e outro em Mogi das Cruzes (SP).
Mesmo com perfil de grande, Martinho Paiva Moreira, 38, diretor comercial da rede, descreve sua concorrência com os que ele denomina "gigantes" como sendo um luta diária de Davi contra Golias. "Redes como o Carrefour e o Pão de Açúcar têm mais facilidade para conseguir se capitalizar. O que nos ajuda é que procuramos nos aproximar mais dos clientes e oferecemos crédito aos consumidores de baixa renda."
Moreira explica que a procura por informações sobre os hábitos da clientela é o mais importante para que o empreendimento alcance o sucesso desejado.
"Nós adotamos um sistema de automação que permite fornecer dados sobre hábitos de consumo dos clientes até mesmo para os nossos fornecedores", conta.
Segundo ele, isso facilita o estabelecimento de uma aliança com as indústrias no momento de negociar preços. "Nossa preocupação é fazer com que ninguém se sinta prejudicado", afirma.


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