São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002


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Qualidade de vida é só "quando dá"

DA REPORTAGEM LOCAL

Dona de uma confecção de roupas femininas que abastece 40 pontos-de-venda no país, Amaralis Fernandes da Cruz Vilela, 33, começa a trabalhar às 9h, mas não tem hora para voltar para casa.
"Nos lançamentos de coleção tenho de madrugar. Entro por volta das 6h30." A rotina inclui ainda uma agenda de viagens, motivo de protesto por parte dos filhos de nove e sete anos. "Eles sentem minha falta e reclamam."
Vilela costuma trabalhar em feriados e em finais de semana e almoça "quando dá". "É a ansiedade de ver as coisas acontecerem", explica a empresária, que tem como meta operar com um total de cem revendas. "Acho que só dentro de quatro ou cinco anos terei mais tempo para mim", prevê.
Já as sócias Eliana Minello e Rachel Penteado, donas da Stamperia, loja de confecção artesanal, imaginam que não conseguirão reduzir a jornada diária de 13 a 15 horas nos próximos dez anos.
"Acabamos de investir R$ 50 mil em um projeto de expansão, e o retorno só deve vir em dois anos", esclarece Minello. Além de fazer as refeições na própria loja, as duas frequentemente levam os filhos para pintar no ateliê de produção. "Foi o jeito que encontramos para vê-los mais", completa.
Dono de duas unidades da Bantec, lojas de estofados em couro, José Jorge Neto, 43, experimentou os danos do excesso de trabalho. "Tive estresse e crises de enxaqueca. Hoje pinto quadros e reservo mais tempo para mim."


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