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Cautelosos com possível fama passageira, artistas e esportistas criam carreira paralela de empresário
Marca franqueada serve de "plano B"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A consciência de que a fama é
passageira é o principal motivo da
aposta no sistema de franchising,
revelam artistas e esportistas ouvidos pela Folha.
Se em princípio parece estranho
o fato de uma personalidade bastante conhecida investir em uma
marca diferente da sua, a explicação é convincente: as franquias
seriam uma forma de continuar a
obter ganhos financeiros, caso haja a perda da notoriedade.
"É muito difícil um negócio
com o nome de uma pessoa famosa dar certo. O nome passa. Se
você fica em baixa, isso afeta o
empreendimento", afirma o jogador de vôlei Tande, 33, sócio do
colega Giovane Gávio, 33, em
uma unidade da rede de alimentação Spoleto (massas).
Tande também é sócio de uma
unidade da rede de academias
Body Tech, no Rio de Janeiro. O
ator Rodrigo Santoro e o técnico
de vôlei Bernardinho são sócios
da mesma rede. "Existe também
uma razão comercial [para escolher uma outra marca]. Os homens provavelmente não se sentiriam à vontade malhando na academia "Tande'", explica.
Gávio, que está morando em
Belo Horizonte, diz não ter tempo
para frequentar a franquia, localizada em um grande shopping
center do Rio. Mas ele afirma que
o retorno financeiro é bom.
"Planejo até abrir outra franquia [do Spoleto], possivelmente
em Florianópolis, quando parar
de jogar." Antes de optar pelo
Spoleto -onde, conta, foi convidado a almoçar todos os dias de
graça-, chegou a procurar outras redes de alimentação.
Carlota Joaquina
Parte dos lucros obtidos com o
filme "Carlota Joaquina", de 1995,
foi utilizada na compra da master-franquia da loja inglesa de
produtos naturais para o corpo
Neal's Yard Remedies, conta a cineasta Carla Camurati, 42. "Tinha
feito "Carlota", um filme que me
deu muito dinheiro. Queria investir em algo de que gostasse."
Ela diz que os produtos da loja
já faziam parte de sua vida "de
uma forma quase obsessiva",
quando decidiu que queria ter a
franquia. "Eu não queria lançar
um batom ou um perfume "Carla
Camurati". Não me sentiria confortável. Quando já há alguém fazendo alguma coisa muito bem, o
melhor é se associar a ele."
A cineasta não participa do cotidiano da loja -que fica nos Jardins, em São Paulo-, mas ressalta que se envolve em todas as decisões estratégicas e que acompanha de perto a importação das
mercadorias. "Foi um prazer novo que descobri", diz. O próximo
projeto, conta ela, é começar a
vender franquias no país.
No limite
Entre os participantes de "reality shows", que muitas vezes experimentam a fama por curtos
períodos de tempo, a preocupação em traçar o "plano B" ganha
um destaque especial.
É o caso de Leonardo Rassi Neto, 26, vencedor do programa "No
Limite 2" (2001), gravado na chapada dos Guimarães, em Mato
Grosso. Parte do prêmio -de
R$ 300 mil- foi usada há cerca de
um ano e meio na compra de uma
franquia da lan house (casa de jogos eletrônicos) Monkey. A unidade fica em Goiânia e tem 65
computadores em rede.
"O negócio vai muito bem", avisa Neto, que cursa atualmente um
MBA em gestão empresarial.
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