São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004


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"ANJOS"

Investidores ajudam novatos com experiência e recursos e tornam-se sócios temporários

Aporte pode chegar a R$ 1 milhão

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Populares nos Estados Unidos e em alguns países europeus, os investidores-anjo começaram a entrar no país, discretamente, desde a década de 90. A notícia é boa para micro e pequenos empresários que não sabem como fazer seu negócio nascer ou decolar.
O termo refere-se a executivos de sucesso, quase sempre já aposentados, que procuram novos negócios para aplicar capital e experiência. Essa modalidade de investimento, segundo especialistas, está em ascensão. Prova disso é o Gávea Angels, primeiro grupo brasileiro do gênero, que foi criado em dezembro de 2002 e já começa a dar seus primeiros frutos -isto é, a "apadrinhar" pequenos empreendedores.
"Empresas novas, em geral, contam com o "love capital" [ajuda que vem de família e amigos] ou com os fundos de investimento, que só são disponibilizados quando as empresas já têm capital suficiente e podem dar garantias de pagamento", afirma Ernesto Weber, presidente do Conselho Diretor do Gávea Angels.
A exemplo de Weber, que é engenheiro e ex-presidente da Petrobras, os outros dez membros do grupo são executivos com, em média, 30 anos de experiência que hoje se dedicam a alavancar empresas nascentes investindo recursos de até R$ 1 milhão.

Seleção
Para receber a aplicação, a empresa precisa oferecer uma proposta inovadora (desenvolvimento de novas tecnologias têm prioridade) e estar localizada a até 200 km do Rio de Janeiro, para que os "anjos" possam acompanhar o trabalho de perto.
Os interessados preparam um plano de negócios dizendo quanto querem levantar e para quê, e, a partir daí, o comitê de operações seleciona quais irão participar do fórum de negócios -realizam duas edições por ano, mas o plano é aumentar para quatro.
O evento visa aproximar empreendedores e "anjos". "É um investimento de risco [não há garantias de lucro]. Por isso é feito individualmente, embora a análise seja conjunta", afirma Weber.
A iniciativa de formar um time brasileiro de investidores, baseado em experiências como as do Band of Angels e do Tech Coast Angels, grupos norte-americanos já consolidados, partiu de professores ligados ao Instituto Gênesis da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro.
"Precisávamos juntar pessoas que pudessem ter um laço, por isso optamos por antigos alunos da universidade", diz J.A. Pimenta-Bueno, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas.

Na riqueza e na pobreza
Ao investir na empresa, o "anjo" torna-se sócio temporário dela até que o empreendimento ganhe forças e possa andar com as próprias pernas. Em geral, quando as empresas crescem, são vendidas para grupos maiores, fazendo com os que "anjos" não só recuperem seu capital como também obtenham lucro.
Exemplo disso foi o que aconteceu com a MHW, empresa de desenvolvimento de softwares para ensino a distância. Com a ajuda, o empreendimento atingiu o capital necessário para alcançar os fundos de investimento e foi vendido para uma companhia maior, garantindo aos investidores 100% de lucro (leia à pág. 23).
Outro exemplo de como os "anjos" podem fazer diferença é a nTime, que produz softwares para celulares. "A ajuda dos "anjos" nos permitiu conquistar grandes clientes e parceiros", afirma Rafael Duton, sócio da nTime.
Iniciativas similares à do grupo carioca começam a aparecer em outras partes do país. Na Bahia, uma parceria entre o Instituto Euvaldo Lodi, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco do Nordeste deu origem ao "Bahia Angels", rede em formação de apoio estratégico ao empreendedorismo local.


Inscrições de planos de negócios: www.gaveaangels.org.br e www.fieb.org.br/iel


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