São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004


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TECNOLOGIA

Setor de software responde por 1,5% do PIB do Estado; meta do projeto é elevar índice a 10%

Recife cria Vale do Silício brasileiro

TATIANA DINIZ
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE

Cenário: Ilha do Recife -faixa de terra no patrimônio histórico da capital pernambucana-, antiga zona portuária e reduto batavo durante a invasão holandesa de 1639. Sob ruas calçadas com paralelepípedos, cabos de fibra óptica interligam uma rede que está turbinando a economia do Estado e convertendo o local numa espécie de Vale do Silício brasileiro, pólo internacionalmente conhecido por sua produção tecnológica.
Porto Digital é o nome do projeto, que nasceu em 2000 do diálogo informal entre a Universidade Federal de Pernambuco, o governo do Estado e a iniciativa privada. A meta ambiciosa de converter o conjunto arquitetônico secular em "um dos melhores lugares do mundo para investimentos da nova economia" é considerada uma "presunção necessária" por Pier Carlo Sola, presidente do Núcleo de Gestão do Porto. "Queremos que o setor de tecnologia responda por 10% do PIB do Estado em cerca de dez anos", explica.
Hoje, o número é de 1,5% - dobro da média nacional, que fica em 0,7%. "Há uma vocação forte para esse mercado. Duas das dez mais antigas empresas brasileiras de tecnologia, Procenge e Elógica, nasceram aqui", comenta Sola.
Vocação essa que também deve ser direcionada para impulsionar outros setores da economia pernambucana, como a produção de uvas e de vinho nas margens do São Francisco, de vestuário no Agreste e até a cena cultural da capital.
"O Porto Digital vai usar a tecnologia como ferramenta de fomento aos arranjos produtivos do Estado, interligando as empresas envolvidas e facilitando ações como aquisição e exportação em conjunto", completa Sola.

Mercado externo
Ancorada no Porto Digital, a Jynx Playware, que desenvolve jogos, mantém um olho fixo no mercado externo. Seu carro-chefe, o Futsim -em que o desafio está em administrar um clube de futebol-, está ganhando uma versão em alemão e deve ser lançando na China neste ano.
"Também estamos começando a nos articular para desenvolver jogos sob encomenda para o mercado norte-americano", comenta Reginaldo Valadares, um dos sócios da empresa.
Graças à existência do pólo, Recife foi escolhido como endereço de uma unidade de fabricação da canadense Warteloo Hydrogeologic, que produz softwares para gerenciar recursos hídricos.
Em parceria com a recifense Qualiti, foi criada a Whitech, que vai fabricar os produtos da Waterloo no Brasil. "No exterior, a reputação do Porto Digital é excelente, já é uma referência forte para a busca de parceiros", diz Antonio Flaquer Campos, gerente administrativo do grupo.



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