São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empreendimento em cidades turísticas requer planejamento para sobreviver à baixa estação

Sazonalidade vem inclusa em "pacote"

CYNTIA FARABOTTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PORTO SEGURO

Quem nunca pensou em largar tudo na "cidade grande" e abrir uma pousada em um ponto turístico bem movimentado, localizado no Nordeste brasileiro, onde faz sol o ano inteiro? Pois foi esse o sonho que moveu cerca de 90% do pequeno e médio empresariado de Porto Seguro (a 720 km de Salvador).
O dono da barraca de praia Malibu, Carlos Alberto Leopoldino Figueiredo, 36, é um exemplo do turista que se apaixonou pela cidade. "Quando desci uma ladeira que dá acesso a Porto Seguro e vi o mar, tive certeza de que era aqui que eu queria viver", relembra o paulistano, que trabalhava como administrador.
Mas a vontade de ter mais qualidade de vida fez com que ele vendesse uma casa em São Paulo, pedisse demissão e aplicasse R$ 80 mil no negócio em 1989. Foram dois anos investindo e esperando o retorno.
A partir de 1993, começou a faturar entre R$ 100 mil e R$ 150 mil no período de alta temporada (de dezembro a fevereiro), com lucro que chegava a até 50%. A partir do início do sistema de pacotes turísticos e o aumento da concorrência, o negócio começou a se estabilizar. Hoje, movimentam-se cerca de R$ 30 mil na alta temporada, e a margem de lucro caiu para 10%.

Alta e baixa
Quem tem empreendimento em cidades turísticas precisa estar preparado para lidar com a sazonalidade. "Deve-se controlar e projetar gastos, pensando sempre que você pode ganhar muito em alguns meses e praticamente nada em outros", lembra o empresário de São Paulo, Wilson Spagnol, 37, economista e dono do hotel Pau Brasil, que conta com 84 apartamentos no centro da cidade.
Para construir um quarto de hotel gastam-se de R$ 30 mil a R$ 50 mil. O valor das diárias varia de R$ 20 a R$ 200, com margem de lucro de 20% a 30%. Porto Seguro conta hoje com mais de 500 meios de hospedagem e 38 mil leitos.
"Hoje não há mais espaço para amadores", diz Richard Alves, gerente da agência do Sebrae (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) de Porto Seguro.
Alves diz que o turismo tem muitas particularidades, o que exige preparo do empresário. "Você não tem clientes fiéis, eles vêm e vão. É preciso oferecer atrativos aos moradores locais."
E são os serviços voltados para a comunidade local que têm mais chance de dar certo, por serem poucos explorados, explica.


Texto Anterior: Qualidade de vida é motivo de mudança
Próximo Texto: Decisão precipitada pode acabar com sonho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.