São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FINANÇAS

Para fugir das taxas das administradoras, comércio oferece descontos em compras com cheque

Lojistas "boicotam" cartões de crédito

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cansados de apenas reclamar das taxas cobradas pelas operadoras de cartão de crédito e débito, os lojistas resolveram agir, oferecendo desconto aos clientes que pagam à vista com cheque.
O abatimento chega a 10% em uma rede de lojas de moda feminina em São Paulo. "Prefiro dar esse benefício ao cliente a pagar a taxa dos cartões", diz o proprietário, que não quis se identificar.
Segundo ele, a taxa de operação, somada à da antecipação de pagamento no caso dos cartões de crédito (expediente usado quando o lojista precisa de capital de giro) resulta nos 10% de desconto.
Nem o risco do cheque sem fundos intimida os comerciantes ouvidos pela Folha. "Apenas 0,5% dos cheques recebidos não têm fundos", diz Percival Maricato, presidente do sindicato dos restaurantes da cidade de São Paulo. As taxas das administradoras podem variar de 2% a 6%.
Algumas das 20 lojas da rede de franquias Morana Acessórios aderiram à prática e oferecem 5%. "Já tentamos negociar com as financiadoras, mas só obtivemos 0,5% de abatimento", diz Eduardo Morita, diretor de marketing.
Ao lado das taxas, é preciso computar ainda o aluguel das máquinas leitoras dos cartões. "Pago R$ 75 por mês para manter cada máquina, e cada cartão tem a sua", diz José Petrone, dono da loja de calçados Siglio.

Inflação
Os lojistas apontam ainda a inflação como ponto negativo para trabalhar com cartões. "Quando o cliente opta pelo crédito, a gente só recebe depois de 30 dias", diz Petrone, que dá desconto de 5% no cheque para clientes antigos.
Para Marcel Solimeo, diretor da Associação Comercial de São Paulo, a administração dos cartões de débito é cara porque é cobrada sobre o valor da operação, em vez de ser um montante fixo.
Dados da Abracheque (associação de empresas de garantia de cheque) confirmam a tendência. De 1999 para 2002, a emissão de cheques superiores a R$ 300 subiu de 454,8 milhões para 505,7 milhões de folhas.
Segundo Carlos Pastor, presidente da entidade, a inadimplência caiu de 1,13 milhão de cheques em 2001 para 265 mil em 2003.


Texto Anterior: Clínicas médicas: Consultórios "clean" causam boa impressão
Próximo Texto: Outro lado: "Taxas são calculadas caso a caso"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.