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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003


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NEGÓCIO EM CASA

Empresas já conhecidas oferecem menos riscos ao empreendedor, ensinam especialistas

Proposta de renda extra oculta "corrente"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Trabalhar sem chefe, na própria casa, dedicando apenas parte do tempo para ganhar mais de R$ 5.000 mensais. Parece um sonho para a maioria dos brasileiros. Com apelos de renda extra -que vão de R$ 300 a R$ 10 mil por mês- divulgados em anúncios de jornais e de revistas ou até em cartazes de rua, várias empresas buscam seduzir parceiros dispostos a trabalhar em casa.
A possibilidade de a iniciativa ser o embrião do negócio próprio é o grande atrativo das propostas. Por outro lado, há o risco: quem contrata nem sempre cumpre o que promete e acaba lesando os interessados.
Segundo a Fundação Procon-SP, são feitas reclamações diárias quanto à legalidade das propostas. Solicitar que os interessados depositem quantias antes de começar as atividades é prática comum. Mas, em vez de material para começar, muitos recebem novo pedido de depósito.
Foi o que aconteceu com o estudante Marco Rasoppi, 24, que, à procura de uma atividade rentável, resolveu mandar R$ 40 por correio para uma "empresa sul-americana" que oferecia ganhos mensais de até R$ 3.000 mensais para trabalho feito em casa.
Rasoppi recebeu em sua residência um catálogo de produtos que poderia comercializar caso enviasse uma quantia adicional de dinheiro para outro endereço.
"Percebi que estava sendo enganado, já que estava mandando dinheiro para diferentes endereços e não sabia quando poderia começar realmente", diz Rasoppi, que desistiu da idéia e assumiu o prejuízo. "Parei antes de gastar o dinheiro que me restava."
Já o aposentado Flávio Pincerno, 61, enviou quantias por correio para uma empresa que oferecia ganhos de até R$ 10 mil mensais num negócio de confecção de apostilas. Mandava dinheiro para diferentes lugares, e recebia apostilas de terceiros, indicando que deveria pagar novos valores.
Depois de enviar quase R$ 100 para cidades como Valinhos e Cascavel, o aposentado notou que se tratava de uma espécie de "corrente". "Se continuasse, receberia dinheiro dos que entrassem no negócio no futuro. Mas resolvi não entrar nessa para não fazer o que fizeram comigo. Nesse negócio, o último leva o prejuízo."

Estelionato
Flávio Pincerno procurou o Procon-SP para denunciar o ocorrido, onde foi orientado a se dirigir à Delegacia de Estelionato. Em nota sobre o assunto, o Procon-SP esclareceu que não é a entidade responsável por esse tipo de caso, já que o mesmo não constitui uma relação de consumo.
Procuradas pela Folha, a Delegacia de Estelionatos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (DEIC) informou que não recebeu, até o momento, nenhuma denúncia de pessoas lesadas nesse tipo de caso.
(FERNANDO SANTOMAURO)


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