São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008


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feiras

Cianorte consolida-se como pólo atacadista de vestuário no PR

Com 400 lojas, cidade investe para atrair lojistas

ROSANGELA DE MOURA
ENVIADA ESPECIAL A CIANORTE (PR)

Uma geada nos anos 70 mudou o destino de Cianorte, no interior do Paraná. Passou de produtora de café a um dos principais pólos atacadistas de confecção do país, com 5 milhões de peças criadas por mês.
Cheblie Nabhan, um dos pioneiros no ramo de vestuário da cidade, conta que viajou a São Paulo no final da década de 70, com o objetivo de comprar máquinas de costura. "Quando liguei uma em casa, as costureiras tomaram um susto com o barulho, mas logo aprenderam a lidar com os instrumentos."
Assim como as mulheres dos cafeicultores, os agricultores se adaptaram ao novo ofício. Construíram fábricas e empregaram a mão-de-obra local, inicialmente sem qualificação.
Hoje, Cianorte tem 400 lojas de fábrica espalhadas em cinco shoppings e em uma via, a "rua da moda", que vendem principalmente jeans e "modinha" -nome regional dado a vestidos, blusas, saias, camisetas.
Para receber lojistas de vários Estados e de países vizinhos, hotéis foram instalados dentro dos shoppings. O pico de visitação se dá durante a Expovest, que reuniu 30 mil visitantes na semana passada.

Mordomias
O processo de vendas é planejado. Luiz Carlos Felipe, diretor da Asamoda, que faz a ponte entre agentes de moda e lojistas, diz que os empresários repassam 11% da receita à associação. Esta repassa 9% ao guia que trouxe os compradores.
"Esse guia faz o levantamento de dados financeiros do comprador na cidade de origem. Com isso, o visitante recebe um cartão com limite de compra, o que ajuda a evitar boa parte da inadimplência", descreve.
A estrutura é elogiada pelas compradoras, que dispõem de limusine entre um shopping e outro. Mas afirmam em coro que "essa mordomia está embutida nos preços das peças".
Para a mineira Elenice Aparecida dos Santos, 43, os preços foram o ponto decepcionante: "Uma calça aqui custa de R$ 40 a R$ 120. Como meus clientes não pagam o dobro disso, a margem não chega a 100%".
Mas a empresária argumenta que prefere Cianorte a São Paulo pela "qualidade dos produtos" e pela "insegurança" da capital paulista. "Aqui também posso parcelar as compras em até cinco vezes e não tenho despesas para chegar à cidade."
Gerente da loja local Zunck, Sandra Regina Bino, 36, rebate: "Elas [as lojistas] reclamam, mas não deixam de vir para cá". Segundo Bino, no primeiro dia da Expovest, seu estabelecimento vendeu mil peças -o dobro do volume diário de vendas.


A jornalista viajou a convite da Expovest


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