São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010


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Empresas entram na campanha

Pequenos e médios empreendedores contam por que apoiam candidatos financeiramente

MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

A declaração parcial de contas feita pelos candidatos no início deste mês mostra que 30% do total arrecadado nas campanhas vem de doações de pessoas jurídicas.
Isso significa que, em um mês de campanha, cerca de R$ 90 milhões (quase um terço da receita dos candidatos) saíram do caixa de empresas.
Esse número não inclui as doações que são feitas por empresas para os partidos, que, por sua vez, repassam o dinheiro aos candidatos.
Por mais que aumente o investimento em formas alternativas de captação -como a doação de pequenas quantias por meio de sites-, espera-se que a maior parte do dinheiro das campanhas venha de empresas.
Toda companhia tem o direito de doar até 2% de seu rendimento anual para campanhas políticas (saiba mais no quadro ao lado).
As maiores quantias são doadas por bancos, empreiteiras e grandes empresas, porém micro, pequenas e médias companhias também têm contribuído de forma significativa nas eleições.
Mas falar sobre as doações feitas para candidatos parece ser ainda um tabu para grande parte dos empresários.
A Folha procurou diversas empresas listadas como doadoras em campanhas. Muitas, quando contatadas, preferiram não se manifestar.
Roberto Muller, 56, é presidente da Fasul, empresa de pavimentação e consultoria que doou R$ 100 mil para Junji Abe, candidato a deputado federal pelo DEM de São Paulo. Para ele, o que orienta a doação é o apoio a candidatos que conheçam a região da empresa e suas demandas.
"Temos de demonstrar sempre o apoio aos candidatos regionais e dar os recursos para eles lograrem êxito", explica o empresário.
O candidato de Muller já foi prefeito de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), onde está instalada a Fasul. Para ele, ter alguém da cidade na Câmara dos Deputados levará crescimento ao município.

RETORNO SOCIAL
Já Raimundo Magliano Filho, 68, presidente da corretora de ações Magliano, doou R$ 50 mil para Ricardo Young (candidato a senador pelo PV paulista). Ele acredita que o empresário deve investir na política como "retorno para a sociedade".
Ele escolhe o candidato pelo partido. "O PV é ligado a um tema que, para nós, é muito sensível: a questão da sustentabilidade. Recíproca para a sociedade não existe no Brasil. Parece que nós [empresários] queremos exclusivamente receber. Precisamos mudar essa ideia."


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