São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004


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DIVERSIFICAÇÃO

Oferecer mais opções ao cliente inclui dificuldades como lidar com mais fornecedores

Ampliar exige empresário versátil

Fernando Moraes/Folha Imagem
Gláucia Maciel e Cristina Azevedo, que desistiram de festas infantis


DA REPORTAGEM LOCAL

Basta fazer uma análise mais pé-no-chão sobre a operação diversificada para que uma lista de poréns venha à tona. Dificuldades com mão-de-obra para exercer a nova atividade e maior volume de fornecedores para gerenciar são alguns dos pontos da lista. Se somados a desconhecimento do nicho "descoberto", tem-se nas mãos uma verdadeira bomba-relógio, alertam os especialistas.
"Não é só ter a idéia. Para emplacá-la, é preciso lidar com várias novidades, fornecedores diferentes, pessoal diferente. Por isso vale pensar se não é mais conveniente abrir outra empresa, independente da primeira, e depois contratá-la como prestadora de serviços", diz Carlos Pessoa Filho, do Instituto Empreender Endeavor.
Foi exatamente a opção adotada pela Onze MC Marketing e Comunicação, empresa produtora de eventos, quando percebeu que poderia produzir vídeos. Em vez de criar um departamento interno que assumisse a nova atividade, a escolha feita foi por abrir uma empresa independente da original, batizada de Onze Filmes.
"É outra iniciativa. Tem CNPJ, administração, pessoal e receita próprios. Cresce em separado e tem condições de atender tanto a produtora como outros clientes", revela o sócio-proprietário da Onze MC Marketing e Comunicação Osvaldo Cahiza, 42.
Para ele, a diversificação é um atalho para o auto-sustento do negócio, e abrir empresas atuantes em áreas correlatas, a melhor maneira de tocá-las. "Acredito que a onda de terceirização que assolou o mercado foi além do que devia. Quando se conta com uma equipe "da casa" para fazer o serviço, o cliente ganha um custo final reduzido e mantém-se um padrão de qualidade em todo o processo."
A Onze Filmes, que nasceu com uma única ilha de edição, hoje conta com três. "Cresce com as próprias pernas", conta o empresário, que agora pretende emplacar três outros projetos semelhantes para simultaneamente atender às demandas de sua produtora e ganhar outras fatias de mercado.

Segundo plano
Outro risco implícito em se lançar numa empreitada paralela dentro da própria empresa é o de deixar em segundo plano o que foi a atividade original.
Isso quase aconteceu com a Companhia Zen, clínica-escola de terapias alternativas que há cinco anos enxergou a possibilidade de apostar no mercado corporativo como um novo nicho.
"Começamos a atender empresas com projetos de qualidade de vida e a participar de grandes eventos como feiras de negócios. Em festas, por exemplo, disponibilizamos massagistas nos banheiros", descreve a sócia-proprietária Amélia Cassis, 36.
Na construção desse novo caminho, os cursos -que até então tinham sido o carro-chefe da empresa- perderam alunos.
"Agora estamos revendo isso, formando novos professores para que a atividade educacional não se enfraqueça. Não queremos que a empresa mude, a idéia é que as atividades de atendimento, de educação e de eventos se alimentem mutuamente", diz Cassis.
A empreendedora reconhece que a divisão de interesses e de motivação diante da nova possibilidade de atuação é um fator inevitável. "Há a identificação. Adoro eventos, adoro atender. Claro que dei mais atenção a isso do que à parte educacional."
Para driblar a cisão, o melhor é contar com "pessoas-chave" em cada ação, ensina Kahlil Zattar, da consultoria Realistas. "Pode até haver intercâmbio, mas cada um tem de cuidar do que entende mais", recomenda. (TD)


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