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Muitos fãs de e-books insistem em livros de papel para seus filhos

Crianças consomem apenas 5% de livros eletrônicos

Por MATT RICHTEL e JULIE BOSMAN

Os livros impressos podem estar sofrendo com a invasão dos e-books, mas eles mantêm firmemente um território particular: as crianças e os bebês. Alguns pais insistem que a próxima geração passe os primeiros anos de vida com livros à moda antiga.

Isso acontece até com pais que costumam ler livros eletrônicos "baixados" da rede. Eles reconhecem seu duplo critério digital, mas querem que seus filhos sejam cercados por livros impressos, para experimentar virar as páginas enquanto aprendem sobre formas, cores e animais.

Os pais também dizem que gostam de se aninhar com o filho e um livro, e temem que um aparelho luminoso roube a atenção.

"É a intimidade da leitura e de tocar o mundo. É a maravilha de ver minha filha virar uma página comigo", diz Leslie Van Every, 41, uma fiel usuária do Kindle em San Francisco, cujo marido, Eric, lê constantemente no iPhone.

Mas para sua filha de 2 anos e meio, Georgia, os livros de papel são a única opção pela qual os pais optaram.

Enquanto o mundo dos livros adultos se torna digital em um ritmo mais rápido do que as editoras esperavam, as vendas de e-books para crianças com menos de 8 anos quase não cresceram.

Elas representam menos de 5% das vendas anuais de livros para crianças, segundo diversas editoras, comparadas com mais de 25% em algumas categorias de livros para adultos.

Os livros infantis são um ponto alto para as livrarias.

Um estudo encomendado pela editora HarperCollins em 2010 revelou que os livros comprados para crianças de 3 a 7 anos eram frequentemente encontrados em uma livraria local -exatamente em 38% das vezes.

E aqui está uma pergunta para o debate da era digital: alguma coisa se perde quando se transforma um livro de imagens em eletrônico?

Junko Yokota, professora e diretora do Centro para Ensino Através de Livros para Crianças, da Universidade Nacional Louis, em Chicago, acredita que a resposta é sim.

O tamanho e a forma do livro "tornam-se parte da experiência emocional, da experiência intelectual", disse Yokota.

As editoras dizem que estão gradualmente aumentando o número de livros de imagens que são convertidos para o formato digital, embora isso seja demorado e caro, e os desenvolvedores de softwares estão bastante ocupados criando aplicativos de livros infantis interativos.

Muitos pais ainda preferem as versões impressas, mesmo que eles próprios usem e-books.

É o caso de Ari Wallach, um empresário de Nova York fanático por tecnologia que ajuda empresas a se modernizar nesse campo. Ele mesmo lê no Kindle, iPad ou iPhone, mas suas filhas gêmeas só leem livros impressos.

"Sei que sou um antiquado nesse sentido, mas há algo muito pessoal em um livro, e não um de mil arquivos em um iPad, algo que é conectado e emocional, algo com que eu cresci e quero que elas cresçam com isso", ele disse.

"Sinto que aprender com livros é um rito de passagem tão importante quanto aprender a comer com talheres ou ir ao banheiro", ele acrescentou.

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