Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Reality shows tipo exportação

Por AMY CHOZICK

Algumas empresas de mídia americanas andam procurando boas compras no exterior. Seu alvo? Programas de reality como "Big Brother", "Promzillas" e "Freaky Eaters".

Empresas gigantes estão se interessando por produtoras relativamente pequenas que são donas de chamados "formatos": conceitos como reality shows ou game shows que possam ser transportados para praticamente qualquer país e encontrar públicos, independentemente das diferenças culturais.

Em novembro a Time Warner ofereceu US$ 1,4 bilhão pela produtora holandesa Endemol, criadora de reality shows como "Big Brother", "Wipeout" e "Love in the Wild", este último um programa de namoro que acontece na selva. A Discovery Communications pagou estimados US$ 16 milhões pela Betty, criadora de "Freaky Eaters" e outros programas de TV britânicos.

Diferentemente de um programa acabado que estúdios podem exportar para parceiros locais, um formato é propriedade intelectual. Produtoras locais compram os direitos de produzir, por exemplo, a versão ucraniana de "Wipeout" ou a edição nigeriana de "Big Brother", e grandes empresas de mídia podem ganhar receita sem investir muito. Esses sucessos globais podem render centenas de milhões de dólares.

Os formatos custam muito menos que seriados de Hollywood e, em muitos casos, têm audiência maior, já que as plateias preferem assistir a concorrentes ou astros locais. E os programas podem ser modificados e revendidos várias vezes.

Aludindo a um game show de sucesso, o analista David Bank, da RBC Capital Markets, falou: "'Deal or No Deal' funciona em Mumbai, funciona em Manila, e não é necessário produzi-lo".

No ano passado a Time Warner pagou US$ 100 milhões por uma participação de 55% na produtora britânica Shed Media, conhecida por programas como "Supernanny" e "Footballers' Wives". Em fevereiro a News Corporation anunciou que vai pagar US$ 647 milhões pela empresa britânica Shine Group, conhecida por "The Biggest Loser" e "Masterchef".

"The Biggest Loser" já foi produzido em 25 países e exibido em 90. Na versão indiana, os concorrentes fazem danças de inspiração bollywoodiana para entrar em forma. Na edição do Oriente Médio, homens e mulheres malham em academias separadas.

Trinta e três por cento da receita da Discovery no ano passado veio de operações internacionais, contra 46% no caso da News Corporation e 29% da Time Warner.

Empresas europeias vêm sendo as líderes na TV-realidade. "American Idol", grande sucesso da Fox, e o popular concurso de canção "The Voice", da NBC, começaram no Reino Unido e Holanda, respectivamente. Um formato bem-sucedido também pode levar a produtos e receitas relacionados, como smoothies "The Biggest Loser" e máquinas caça-níqueis "Deal or No Deal". Em outubro, a Mattel pagou US$ 680 milhões pela britânica HIT Entertainment, criadora de "Thomas & Friends", "Angelina Ballerina" e "Bob the Builder".

Mais de 40 países já produziram versões de "Big Brother". Trinta países criaram versões locais de "Wipeout", da ABC. As produtoras locais usam elencos próprios e filmam israelenses, russos e chilenos, caindo de jangadas dentro da água gelada.

Mas nem todos os conceitos funcionam bem em outros países. "Wheel of Fortune" não deu certo na Indonésia porque os muçulmanos o viram como apologia dos jogos de azar. E a Endemol não conseguiu vender uma versão italiana de "Extreme Makeover Home Edition". O programa de reforma de casas entrou em choque com a cultura italiana, explicou David Goldberg, presidente da Endemol: "Não se demole um imóvel na Toscana".

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.