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Investimento estrangeiro em alta na Europa

As recompensas além dos problemas

Por LIZ ALDERMAN

PARIS - Apesar da crise da dívida que se prolonga e de uma recessão incubada em diversos países da união monetária europeia, muitas empresas globais enxergam além dos problemas da região e apostam em recompensas.

Na Irlanda, a Microsoft investiu US$ 130 milhões para expandir um centro de dados perto de Dublin. A farmacêutica Eli Lilly planeja gastar ¤ 330 milhões em uma nova biofarmacêutica perto de Cork, para gerar empregos.

Na Espanha, a Dow Chemical alocou ¤ 10 milhões para instalar um centro de pesquisa de dessalinização da água a 80 quilômetros a sudoeste de Barcelona. Lá, os engenheiros esperam desenvolver formas de produzir água pura e barata.

A General Electric está fazendo um investimento de ¤ 30 milhões para expandir a pesquisa em energia, aviação e tecnologia médica na Alemanha -país que a GE considera um porto seguro na tempestade do euro- e outros ¤ 56 milhões para ampliar sua presença comercial.

A Infosys, grande companhia indiana de consultoria tecnológica e terceirização, planeja investir outros milhões em seus principais mercados no norte da Europa.

A tendência parece ir contra a inversão de 2010, quando o investimento direto estrangeiro na Europa caiu 19% em relação a 2010.

Ultimamente, segundo analistas, as empresas e os fundos de investimento da China, da Índia, do Brasil e dos Emirados Árabes Unidos estão aumentando suas cestas de ativos europeus.

Em 2011, a Europa superou pela primeira vez os Estados Unidos como maior região para investimento externo da China.

Neste ano, os negócios chineses na Europa incluíram a compra pelo Shandong Heavy Industry Group de uma participação de 75% no fabricante de barcos italiano Ferretti. E a State Grid Corporation, da China, comprou 25% da empresa estatal de eletricidade de Portugal.

"Há mais otimismo de que a crise do euro seja resolvida em breve -ou pelo menos que as pessoas vejam que podemos conviver com ela", disse Marc Henry, diretor financeiro da Michelin, empresa francesa que é uma das maiores fabricantes mundiais de pneus.

Ele disse que a Michelin pretende investir mais em fábricas, equipamento e pesquisa e desenvolvimento no continente neste ano e nos próximos.

Os tempos difíceis não terminaram, é claro. Para cada conglomerado rico em caixa que aposta em uma recuperação europeia, milhares de pequenas e médias empresas estão esgotadas por três anos de volatilidade econômica provocada pelos países mais fracos na parte sul da zona do euro.

Muitas dessas empresas menores, que juntas respondem pela vasta maioria dos novos empregos na Europa, estão acumulando caixa enquanto esperam por mais clareza na previsão regional e global, disse Marc Lhermitte, sócio da Ernst & Young em Paris.

"Precisamos trazer de volta a estabilidade financeira para que haja mais transações", disse.

O crédito bancário também se tornou muito mais restrito para as empresas menores, apesar de um novo programa do Banco Central Europeu para inundar as instituições financeiras da zona do euro com dinheiro barato.

Em comparação, as grandes companhias com suas próprias filiais financeiras conseguiram aproveitar os empréstimos baratos do BCE.

Muitos dizem que a Europa também precisa de um sistema melhor de capital de risco para permitir que os empresários e as empresas transformem ideias em sucessos comerciais.

Em uma recente visita a Paris para inaugurar a nova sede do Google para a Europa, o Oriente Médio e a África, Eric Schmidt, o presidente da empresa, disse que não havia muita diferença entre empresários nos EUA e na França -exceto quanto ao acesso ao dinheiro.

"Não há falta de ideias, mas houve uma falta de financiamento e capital de risco", disse Schmidt. "Quando se está em tecnologia, é preciso ter dinheiro e se mover muito depressa."

Uma divisão econômica que se amplia entre os países ricos ao norte, como o Reino Unido, a Alemanha, a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo e os mais fracos ao sul, também não ajuda. As empresas que fazem investimentos se inclinam mais para mercados que já estão prosperando.

A crise do euro fez os políticos perceberem que precisam criar rapidamente um ambiente melhor para negócios, que ofereça incentivos para investir.

Impostos e custos operacionais altos, mercados de trabalho rígidos e regulamentação pesada desanimaram muitas empresas, disse E. Merszei, presidente das operações europeias da agência Dow Jones.

"Isso vem acontecendo há vários anos e é o motivo de hoje haver partes da Europa em desvantagem", disse ele. "Quando elas começarem a criar um campo de jogo nivelado, a dinâmica mudará."

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