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Atrás de alternativas para encher o tanque

Décadas podem separar uma ideia de um produto

Por MATTHEW L. WALD

WASHINGTON - Como o mundo irá atender à crescente demanda por energia? A experiência sugere que as soluções podem já estar na mão, mas que talvez levem anos para serem amplamente reconhecidas, porque invenções energéticas têm um período de gestação excepcionalmente longo.

É o caso do fraturamento hidráulico. Nos últimos três anos, essa técnica de perfuração horizontal para a exploração de gás em rochas de xisto revolucionou o setor, derrubando o preço do gás a ponto de reduzir o uso do carvão e o custo da eletricidade.

Também criou a perspectiva de esse gás extraído das rochas se tornar um importante produto americano de exportação.

A pesquisa começou na década de 1980, no Departamento de Energia. Mas a técnica só teria um impacto no mercado de gás quase 20 anos depois.

Os projetos de energia exigem muito capital e as empresas do setor são conservadoras, especialmente em se tratando de inovações envolvendo equipamentos caríssimos.

Jim Ferland, presidente da Westinghouse Electric, observou que o novo reator AP1000 da empresa foi projetado no começo da década de 1990, mas só agora está sendo construído na China.

Há outras ideias promissoras por aí -em laboratórios, em "start-ups" e nas cabeças de engenheiros audaciosos- que poderão definir o mapa energético mundial da década de 2030.

Uma possibilidade óbvia é o biocombustível. Dezenas de empresas estão empenhadas em descobrir o segredo para transformar plantas em combustível líquido, sem fazer aquilo que a natureza faz -que é deixá-las por milhões de anos sob calor e pressão.

A DuPont Industrial Biosciences diz ter desenvolvido uma "enzima de sacarificação" que libera os açúcares para serem digeridos por uma bactéria que excreta álcool, num volume de até 270 litros por tonelada, usando para isso temperaturas, pressões e condições químicas brandas.

Em Massachusetts, uma pequena "start-up" chamada Agrivida está inserindo novos genes em várias plantas, procurando aquela que, quando exposta à alcalinidade e temperatura elevada, produzirá uma enzima capaz de digerir parcialmente a celulose, liberando açúcares que poderiam ser convertidos em produtos químicos úteis.

A energia pode estar passando por uma transição semelhante à da tecnologia da informação, em que a inovação começou a surgir em pequenos empreendimentos.

"Isso abre o campo para o mesmo tipo de abordagem de garagem que se arraigou em TI, quando a IBM deixou de realizar todos os novos avanços", disse Devin Fidler, gerente de pesquisas do Instituto para o Futuro, em Palo Alto, na Califórnia.

Isso implica também uma mudança de escala. Mas não significa excluir instituições de grande porte, como as universidades.

Na Universidade de Wyoming, Mark Northam, diretor da Escola de Recursos Energéticos, está trabalhando com o Laboratório Nacional de Idaho para desenvolver uma refinaria que liquefaça o carvão para substituir o petróleo.

Em alguns anos, o sistema poderia incorporar equipamentos para separar as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, agregando o hidrogênio aos hidrocarbonetos do carvão para aumentar o valor do produto.

A eletricidade necessária para quebrar as moléculas de água pode vir de uma fazenda eólica, aproveitando o vento, outro recurso abundante em Wyoming.

Reatores nucleares modulares podem também ser usados para gerar eletricidade e o calor que eles produzem, antes ou depois do uso na geração elétrica, poderia ser empregado para várias tarefas na refinaria.

O produto poderia abastecer carros, aquecer casas e fornecer matéria-prima para indústrias químicas. "Ele está provavelmente a 50 anos de distância", disse Northam.

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