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Música eletrônica atrai novos investidores

Por BEN SISARIO

Em uma tarde, 60 mil ingressos de US$ 100 ou mais foram postos à venda para um grande festival de música em East Rutherford, Nova Jersey, antes mesmo que os principais artistas fossem anunciados. Os bilhetes se esgotaram em três horas.

O festival era o Electric Daisy Carnival, um evento em maio dedicado à música eletrônica. Há muito tempo considerado marginal, o estilo afinal virou moda, com margens de lucro que interessaram até a Wall Street.

Para uma indústria cada vez mais dependente de artistas que estão envelhecendo, é inegável a atração de um gênero com novos astros e uma enorme plateia jovem. "Se você tem de 15 a 25 anos, este é o seu rock'n'roll", disse Michael Rapino, o presidente da Live Nation Entertainment, a maior promotora de shows musicais do mundo.

No fim de março, 165 mil fãs foram ao Ultra Music Festival em Miami para dançar ao som do baixo pulsante e acenar bastões luminosos. Um número semelhante de pessoas compareceu em Los Angeles, Las Vegas e Dallas. Os cachês dos artistas explodiram: DJs importantes como Deadmau5, Tiësto e Afrojack podem ganhar mais de US$ 1 milhão por participação em um festival e US$ 10 milhões para um clube noturno em Las Vegas, dizem os agentes.

A música eletrônica é dominada por promotoras independentes, incluindo a Ultra (cujo festival em Miami se expandiu para o Brasil, a Argentina e a Polônia), a Insomniac (que apresenta o Electric Daisy Carnival) e a Made Event, por trás do evento Electric Zoo, em Nova York.

Seu sucesso atraiu investidores como Live Nation e AEG Live, as duas maiores empresas promotoras de música, e investidores de fora do setor.

Entrar no negócio talvez não seja fácil. Determinar o valor das companhias promotoras é difícil e há alguns riscos particulares.

No Electric Daisy Carnival em Los Angeles, dois anos atrás, uma garota de 15 anos morreu de overdose de drogas. No mesmo evento em Dallas, em 2011, um rapaz de 19 anos morreu e mais de 24 pessoas foram hospitalizados por abuso de drogas e álcool e doenças relacionadas ao calor.

No entanto, segundo pessoas envolvidas nas negociações de investimentos, as ofertas para comprar as maiores promotoras variam de US$ 20 milhões a quase US$ 60 milhões.

"Parece a era das pontocom", disse Joel Zimmerman, um agente da William Morris Endeavor.

A música eletrônica para dançar (EDM na sigla em inglês) se popularizou há décadas, mas somente nos últimos anos seu público se tornou grande o suficiente para sustentar turnês em grande escala.

Em dezembro, a Swedish House Mafia tornou-se o primeiro grupo de DJs a ocupar o cartaz do Madison Square Garden em Nova York -os DJs comandam sistemas de som computadorizados, usando trechos de canções para criar seus próprios ritmos. A partir de maio, grupos como Avicii e Kaskade estarão em turnê por todo o mundo.

Embora até os maiores álbuns recentes, como "Nothing but the Beat", de David Guetta, raramente vendam mais de 300 mil exemplares, o som se infiltrou no rádio pop através de artistas como Lady Gaga, Rihanna e Katy Perry. Nos prêmios Grammy, em fevereiro, o DJ Skrillex ganhou três prêmios.

Os grandes festivais de dance tornaram-se marcas valiosas. Uma grande empresa poderia reunir um punhado de promotores e encontrar economias de escala. "A coisa ficou tão grande que todo mundo quer um pedaço", disse Gary Richards, fundador da Hard Events.

Mas a música ao vivo é um negócio arriscado para os promotores. Ingressos com preços altos demais ou baixos demais podem afundar um empreendimento que de outro modo teria sucesso. A música dance também enfrenta a eterna questão da moda: sua popularidade vai durar?

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