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A academia pergunta: quem ocupa Wall Street?

Por JENNIFER SCHUESSLER

O movimento "Ocupe Wall Street" atraiu o interesse dos acadêmicos. Mas entendê-lo com exatidão pode ser muito difícil, diz Theda Skocpol, socióloga da Universidade Harvard e coautora de "The Tea Party and the Remaking of Republican Conservatism" [O Tea Party e a reformulação do conservadorismo republicano], um estudo sobre a contrapartida de direita do "Ocupe".

"O Tea Party desde o início se considerou algo que modifica e potencializa o Partido Republicano, enquanto o pessoal do 'Ocupe' é ambíguo", afirma Skocpol. "Isso os torna mais difíceis de definir."

Alguns também dizem que a simpatia que muitos estudiosos sentem pelo movimento pode minar sua objetividade.

Edward Maguire, criminologista da Universidade Americana em Washington D.C., estuda as atitudes dos membros do "Ocupe" em relação à polícia e à lei. "Parte do objetivo de nossa pesquisa é fazer recomendações aos departamentos de polícia", disse. "Quando eles olharem nossa pesquisa, quero que confiem nela. Ter pessoas envolvidas no movimento não seria útil para nós."

Mas alguns acadêmicos dizem que o envolvimento direto pode oferecer uma melhor compreensão da dinâmica interna do movimento. Estudiosos ativistas iniciaram no último outono uma câmara de intercâmbio online chamada Occupy Research [Pesquisa do 'Ocupe'] para compartilhar métodos de pesquisa, ferramentas e dados. A rede facilitou a pesquisa colaborativa como uma contagem dos acampamentos do movimento em todo o mundo.

Todd Gitlin, professor de sociologia e comunicações na Universidade Columbia em Nova York e autor do livro eletrônico "Occupy Nation" [Nação 'Ocupe'], disse que a pergunta mais premente não se refere ao núcleo ativista do movimento, mas ao "movimento externo". Ou seja, às pessoas que participam das grandes manifestações, mas não frequentam reuniões ou assembleias gerais.

Héctor Cordero-Guzmán, sociólogo do Baruch College em Nova York, criou uma pesquisa online que depois foi publicada em occupywallst.org. O estudo consolidou a imagem do movimento como uma representação do que Cordero-Guzmán chama de "corte transversal da população" :"Não eram apenas jovens desocupados, mas pessoas que tinham feito todas as coisas certas e, apesar disso, as coisas não davam certo para elas", disse o pesquisador

Jesse Klein, aluna de sociologia na Universidade Estadual da Flórida que estuda o "Ocupe Tallahassee", disse que surgiram divisões entre os ativistas que têm tempo para longas reuniões baseadas em consenso e aqueles que não têm, mas temem ser criticados por falta de compromisso. "Existe uma tensão", disse Klein.

"O 'Ocupe' agregou de indivíduos que nunca foram ativos antes", disse Jeffrey Juris, professor de antropologia na Universidade Northwestern, em Boston. "Mas que, por isso mesmo, podem facilmente se desagregar."

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