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Fósseis podem revelar primeiros cães domesticados

Por JAMES GORMAN

Há um consenso científico de que os cães vieram dos lobos. Fora isso, há afirmações variadas. Parece que os cães surgiram entre 15 mil e 100 mil anos atrás, na Ásia ou na África, ou múltiplas vezes em múltiplos lugares.

Tal confusão se explica, segundo Greger Larson, da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha. Em uma nova pesquisa, ele argumenta que o DNA dos cães modernos é tão misturado que se torna inútil pesquisá-lo para descobrir quando e onde os cães apareceram.

"Com o tanto de DNA que sequenciamos até agora temos sorte se recuarmos um século, no máximo."

Ele diz que só com a análise do DNA de cães fossilizados, que está em curso, virão respostas nesse campo.

Larson, primeiro de 20 autores num trabalho publicado em 21 de maio na revista "PNAS", da Academia de Ciências dos EUA, argumenta que o estudo genético dos cães modernos não "nos deixa mais próximos de entender onde, quando e como os cães foram domesticados".

Ele e seus colegas analisaram 49.024 pontos do DNA canino onde o código genético varia, os SNPs (pronuncia-se "snips", de polimorfismos de nucleotídeo simples, na sigla em inglês). Eles colheram o DNA de 1.375 cães de 121 raças e de 19 lobos.

O que eles descobriram foi que as raças modernas são tão misturadas que sua história genética profunda está obscurecida.

Eles também descobriram seis raças que chamaram de basais, ou seja, com o DNA menos misturado -basenji, shar-pei, saluki, akita, spitz finlandês e cão da Eurásia.

Em outros estudos, com essas e oito raças com mais de 500 anos, eles descobriram que os cães mais distintos geneticamente não eram de lugares onde antigas evidências fósseis e arqueológicas haviam sido encontradas.

Segundo Larson, a expectativa era a de que, se essas raças fossem geneticamente mais próximas dos primeiros cães domesticados, seriam também mais próximas geograficamente.

Em vez disso, os cães geneticamente mais distintos haviam estado geograficamente isolados até relativamente tarde.

Os dingos, basenjis e cães cantores da Nova Guiné vieram do sudeste asiático e do sul da África, aonde os cães só chegaram há 3.500 e 1.400 anos, respectivamente. Seus genes peculiares indicam um isolamento relativamente recente.

Mas, disse Larson, os humanos enterram seus cães há muito tempo, e por isso há fósseis de cães realmente antigos, na casa dos 15 mil anos, dos quais o DNA pode ser extraído.

Assim como o DNA dos neandertais ajudou a iluminar a origem dos humanos modernos, o DNA de fósseis caninos deve ajudar a iluminar nos próximos anos a história do começo da domesticação dos cães.

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