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Multidões rejeitam massificação do mercado

À medida que mais legumes viram picles, mais lenha é colhida à mão e tudo se torna mais local, caseiro e vintage, os nichos crescem. Mais consumidores estão rejeitando produtos massificados, preferindo empresas artesanais e especializadas.

"Desde que as fábricas passaram a cuspir objetos de forma eficiente, o artesanato é um antídoto à gélida uniformidade da produção em massa", escreveu Julie Lasky no "New York Times". No mês passado, em Nova York, o artesanato ofuscou os elegantes bens industriais que costumavam ser populares na Feira Internacional de Mobiliário Contemporâneo. Uma banqueta infantil era adornada com antigas teclas de máquina de escrever; carpinteiros entalhavam banquetas, e máquinas de costura antigas produziam calças jeans, contou o "Times".

Se você prefere pôr a mão na massa, pode frequentar cursos que ensinam técnicas artesanais especializadas. Por US$ 5 a US$ 30, a badalada Brooklyn Brainery ensina a soldar, fabricar um telescópio ou se aprofundar na taxidermia antropomórfica. Ou talvez você se sinta mais à vontade numa aula de introdução ao perfume.

Isso pode ser útil, pois as fragrâncias das celebridades, comercializadas em massa, agora enfrentam a concorrência de produtores menores. Perfumistas que antes ficavam nos bastidores inventando aromas para celebridades passaram a criar produtos próprios.

"Os consumidores estão dispostos a gastar se for algo 'mais intelectual'", disse ao "Times" Kaya Sorhaindo, da Six Scents. "As fragrâncias de celebridades e grandes marcas são calculadas demais. Eles usam grupos de foco [para pesquisas], e aí entram os gerentes de produtos e as equipes de relações públicas."

O perfumista Francis Kurkdjian, de Paris, que criou fragrâncias de sucesso para Jean Paul Gaultier, lançou uma linha própria após ser entrevistado sobre a composição dos perfumes. "As pessoas estão interessadas no aspecto 'making of'", contou ele ao "Times".

Jean-Christophe Le Greves, que atua no desenvolvimento de negócios para empresas de fragrâncias, disse ao "Times" que os perfumistas menores precisam ter algo a dizer, em vez de concorrerem com as fragrâncias de celebridades só por concorrer. Perfumistas menores não vendem os enredos sexualizados de desejo que as fragrâncias massificadas usam em sua publicidade. "Os consumidores querem autodescoberta, e não que tentemos ditar alguma história", disse Sorhaindo ao "Times".

É nessa conexão emocional ou pessoal que varejistas menores apostam ao concorrer com os grandalhões. O professor Harold Pollack, de Chicago, costumava comprar na Amazon, mas passou a preferir lojas menores. Embora os preços sejam mais altos, ele diz que agora tem a consciência tranquila. "Não sinto que eles [gigantes da internet] se portem de uma maneira que eu deseje incentivar com meus dólares de consumidor", afirmou ao "Times".

Sites como a Amazon tentam eliminar a concorrência oferecendo grandes descontos e frete grátis, e os pequenos reagem como podem - dando brindes, por exemplo. Curt Matthews, da distribuidora Independent Publishers Group, de Chicago, disse que a Amazon quer que os preços dos livros fiquem abaixo do que a comunidade editorial consegue bancar. "Fazer um livro ainda é uma indústria artesanal", disse ele.

E provavelmente há uma aula de encadernação perto de você.

Como disse Le Greves: "Os nichos estão lotando".

ANITA PATIL

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