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Lucrando com cabelo cambojano

Por RON GLUCKMAN

PHNOM PENH, Camboja - Para uma novata na internet, a Arjuni enfrenta desafios fora do comum.

O site de comércio eletrônico que vende extensões de cabelo opera em um prédio de cinco andares aqui, onde não há elevadores e, às vezes, também não há energia. Os funcionários geralmente têm de viajar até aldeias remotas de moto ou a pé para colher os produtos que a Arjuni vende. E o escritório é cheio de pilhas de cabelos, em vez de computadores.

Mas, em apenas dois anos, a companhia cresceu de um punhado de empregados para 80 e, hoje, faz mais de US$ 1 milhão em receitas. A novata também ganha participação de mercado dos atores dominantes no setor, na Índia e na China, assim como de varejistas nos Estados Unidos e na Europa.

"Nós não apenas compramos e coletamos o cabelo nós mesmos, como vendemos diretamente para nossas clientes. Isso nos torna diferentes", disse a fundadora, Janice Wilson.

A Índia há muito tempo fornece a maior parte do cabelo natural do mundo, vendido para atacadistas principalmente na China, que por sua vez comercializavam os produtos para varejistas na Europa e nos EUA. Mas Wilson descobriu que as cambojanas têm cabelos de qualidade semelhante, compridos com cutículas alinhadas. "Ninguém havia pensado no Camboja", disse Wilson, 39.

O negócio de extensões de cabelo gera uma receita anual de US$ 250 milhões. As extensões podem custar milhares de dólares, mas em geral ficam em torno de US$ 500.

Wilson oferece aos empregados aulas gratuitas de inglês, computação e matemática. Um terço das funcionárias vem de situações problemáticas, como tráfico sexual ou violência doméstica. Essa iniciativa ajudou a atrair capital inicial de um fundo de investimento japonês, Arun, formado em 2009 para ajudar empresas sociais em países emergentes. Dinheiro adicional veio do Fundo de Acesso ao Mercado de Exportações Cambojanas, um projeto financiado pelo Banco Mundial que ajuda empresas que tentam desenvolver exportações. O restante veio de sua poupança pessoal, de amigos e parentes.

Como muitos novos empreendimentos, a Arjuni usa as últimas ferramentas da internet, como Twitter e mídia social, para construir uma base de clientes fiéis. As clientes descrevem suas encomendas em vídeos caseiros que publicam no YouTube.

Wilson, que nasceu em Green Bay, Wisconsin, é advogada de formação. Quando estava de férias no Camboja, quatro anos atrás, começou a pensar em oportunidades de começar uma empresa aqui.

Ela começou pelos imóveis, mas o mercado cambojano desacelerou com a economia global. O colapso da indústria têxtil do país foi o que incentivou sua ideia. As trabalhadoras cambojanas do setor ficaram desempregadas.

As extensões de cabelo humano natural devem ser cortadas, limpas e costuradas em peças individuais. "Era algo de baixa tecnologia, elas apenas precisavam aprender a fazê-las e nós só precisávamos de máquinas de costura. Podíamos usar as capacidades existentes", disse. O cabelo natural produz as melhores extensões.

Neste mês, a Arjuni começou uma série de eventos nos EUA, chamados Halo, onde a equipe ajuda clientes a se pentear.

"Quando eu trabalhava em um escritório de advocacia, ficava extremamente entediada", disse Wilson. "Quando você tem espírito empreendedor, precisa usá-lo."

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