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Madeira legendária é reutilizada nos EUA Por LIZ ROBBINS Três anos atrás, quando concreto e madeira sintética começaram a substituir trechos do calçadão de madeira de Coney Island -um símbolo do verão de Nova York, lar de restos de casquinhas de sorvete e testemunha de namoros em patins-, os conservadores ficaram furiosos. Mas a madeira descartada do deque se espalhou de seu lar no oceano Atlântico para as praias do Pacífico, resurgindo em lugares como museus e casas da Califórnia. Talvez a maior transformação tenha sido na Filadélfia, na nova casa das galerias de arte da Fundação Barnes. Em Coney Island, o calçadão de madeira antes oferecia à classe trabalhadora uma maneira barata de fugir do calor e uma visão dos parques de diversão. No Barnes, oferece uma entrada exclusiva para as obras-primas de Matisse e Picasso. "Ouvimos todo tipo de comentário", disse Andrew Stewart, um porta-voz do museu. "As pessoas perguntam: 'Podemos comer um cachorro-quente aqui?'" A madeira recuperada tornou-se um material de design cada vez mais popular nesta era da reciclagem, especialmente no caso de madeiras de lei tropicais de alta durabilidade como o ipê, usado em Coney Island, que vem das florestas tropicais do Brasil. O Departamento de Parques de Nova York diz que tenta reutilizá-la como pode, depois permite que empreiteiras levem o resto. Foi assim que uma companhia de resgate arquitetônico da Filadélfia carregou 20 contêineres de madeira de Coney Island em 2010. A empresa, Provenance Mill Works, forneceu à Fundação Barnes 1.800 metros de piso -serrado no território amish da Pensilvânia- das vigas de suporte mais grossas embaixo do deque. A madeira está no elevador e nas escadas e compõe o rodapé dos pisos de carvalho nas 23 galerias, mas é mais marcante no Pátio da Luz, o enorme saguão de entrada, disposta em um padrão de espinha de peixe com 8,5 metros de largura e 47 de comprimento. Produtos "verdes" parecem sinônimos de Califórnia, e lá, em Venice, um chef premiado adotou a moda da madeira recuperada. Travis Lett, 33, de Gjelina, foi originalmente a Provenance para comprar granito da Pensilvânia com seu designer, Sam Marshall. Eles viram a madeira e ficaram intrigados, especialmente porque Lett cresceu em Morristown, Nova Jersey, e se lembrou de que ia a Coney Island quando criança. Eles a utilizaram nos pisos, no chuveiro e no deque da casa reformada de Lett. "Combinar esses recursos da Costa Leste e reutilizá-los desta maneira é muito Califórnia", disse Lett. "Eu adoro estar conectado à fonte." A fonte não poderia estar mais próxima para Michael Sarrel, dono do Ruby's Bar and Grill no deque de Coney Island. Durante dois anos um novo senhorio ameaçou expulsá-lo e a outros antigos estabelecimentos do passeio, e somente depois de tensas negociações ele conseguiu assinar um contrato de longo prazo em dezembro -desde que reformasse o bar. Quando ele viu as tábuas do calçadão em caçambas de entulho na Stillwell Avenue e na 15th Street, conseguiu que as equipes de demolição lhe dessem 3.000 metros, disse Sarrel. Mas usar a madeira acabou lhe custando bem mais de US$ 10 mil e trouxe desafios imprevistos: extrair as vigas dos caibros e retirar todos os pregos e parafusos. Os carpinteiros cortaram a madeira extremamente dura para fazer mesas, paredes, o teto e o bar. Uma empresa de móveis do Brooklyn, a Uhuru, fez uma linha de cinco modelos de Coney Island, incluindo uma espreguiçadeira curva como a montanha-russa Cyclone, que custa US$ 7.500. Na passarela, a cidade encheu o espaço sob as tábuas com areia e seu novo projeto para alguns trechos é misturar concreto com madeira de plástico reciclado. Mas no Ruby's, que funciona desde 1934, a história resiste. "É o último lugar em Coney Island onde você ainda pode caminhar embaixo do deque de madeira", disse Sarrel. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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