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Depois do sucesso, empresários evitam novos riscos

Por ANDREW ROSS SORKIN

Sean Parker, o bilionário de 32 anos e ex-presidente do Facebook, estava sentado em sua casa em Manhattan em junho com seu melhor amigo e sócio, Shawn Fanning, lamentando que muito poucos empresários continuem assumindo grandes riscos depois de seu primeiro sucesso.

"Todo bom empresário que eu conheço acaba no território desolado de ser um capitalista de risco. É realmente frustrante", disse ele.

Em 1999, Parker e Fanning fundaram o Napster, o serviço de música on-line que revolucionou a indústria antes de fechar e pedir falência depois de perder um caso de pirataria no tribunal.

"A maioria dos empresários não continua no ramo", disse. "É simplesmente extenuante do ponto de vista psicológico ter de recomeçar constantemente."

Mais de uma década depois, porém, Parker e Fanning estão no negócio de novo. Os dois recentemente fundaram o serviço de bate-papo com vídeo Airtime (uma espécie de Skype misturado com Facebook e um pouquinho de Chatroulette).

Há alguns empresários sérios no Vale do Silício: Jack Dorsey fundou o Twitter e o Square, por exemplo, e Elon Musk, que estava por trás do PayPal e hoje dirige o SpaceX e o Tesla.

Mas as trajetórias profissionais de muitos empresários de enorme sucesso no Vale do Silício muitas vezes desaceleram cedo.

Parker disse que a tendência de grandes empreendedores é se tornar um operador de uma empresa ou passar para um papel de investidor-proprietário.

A versão do Vale do Silício torna-se um capitalista de risco. Por exemplo, Peter Thiel, cofundador do PayPal, passou a ser um bem-sucedido capitalista de risco através de sua firma Founders Fund, investindo em outras empresas como Facebook e Spotify. Mas Thiel não tentou começar uma nova empresa pessoalmente. (Ele abriu um fundo hedge, mas isso ainda é investimento.) Por acaso, ele está no negócio com Parker, que é sócio do fundo, que também investiu em seu Airtime.

Talvez de modo surpreendente, Marc Andreessen, um bem-sucedido empresário que se transformou em capitalista de risco, disse sobre Parker: "Eu mais ou menos concordo com ele". Ele disse que muitos "ex-empresários decidiram ser investidores de risco e não deu certo". E acrescentou: "Você não quer ser Michael Jordan jogando beisebol".

Para Parker, a maioria dos empresários que busca investimentos está desistindo. "Você tem uma carteira inteira, só se concentra nos seus sucessos, ignora seus fracassos e pode continuar parecendo um jogador, mas afinal não controla nada", disse.

Parker não está falando só sobre os outros, mas também sobre si mesmo.

Depois de sair do Facebook em 2005, ele entrou no Founders Fund e durante vários anos trabalhou fazendo investimentos.

Ele também trabalhou no Causes, um site que levanta dinheiro e faz conscientização sobre questões e entidades beneficentes. Esse empreendimento só se arrastou, e ele disse que não se dedicou o suficiente.

Parker disse que o maior desafio para qualquer novata de um empresário que já teve sucesso antes é se concentrar demais "na proteção contra riscos, que é apenas assumir o fracasso desde o início". Preocupar-se com o fracasso e suas consequências para a própria reputação é "muito perigoso", disse ele.

Ele disse que até recentemente relutou em começar uma nova empresa como a Airtime. "A expectativa definitivamente pesa para mim. Existe uma espécie de medo de lançar algo e falhar", acrescentou.

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