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Danny DeVito

Astro das telas explora a solidão no palco

Por PATRICK HEALY

LONDRES - Danny DeVito nunca quis ser um astro dos palcos. Ele fez aulas de teatro na década de 1960, de farra, enquanto estudava para ser maquiador, e aí usou peças "off-Broadway", como "Um Estranho no Ninho", como trampolim para Hollywood. Ele queria ser famoso no cinema e suspeitava que lá seu tipo físico -gordinho, metro e meio de altura- seria mais memorável.

Mas recentemente DeVito colocou com sucesso sua massa corporal a serviço da remontagem de "The Sunshine Boys", uma comédia escrita por Neil Simon em 1972, que ficou em cartaz até 28 de julho. DeVito, 67, recebeu elogios da crítica e do público do West End (zona teatral londrina) no papel de Willie Clark, um rabugento de língua afiada que mantém uma agridoce ligação com seu ex-parceiro de "vaudeville", Al Lewis (interpretado por Richard Griffiths, ganhador do prêmio Tony em 2006 por "The History Boys").

A popularidade da peça fez os produtores cogitarem uma temporada em Nova York, o que seria a estreia de DeVito na Broadway, em mais uma de muitas guinadas improváveis na sua carreira. Após passar a década de 1990 se dedicando mais à direção ("Hoffa - Um Homem, Uma Lenda", "Matilda") e à produção ("Pulp Fiction"), DeVito voltou a ser ator em tempo integral em 2006, com a série de TV "It's Always Sunny in Philadelphia".

Ele ganhou jovens fãs entusiasmados no papel do imoral Frank Reynolds, nessa comédia de humor negro sobre um quinteto narcisista à frente de um bar.

"Sempre tentei escolher papéis -papéis grandes, papéis minúsculos- em que os personagens têm uma visão tensa do mundo, são cheios de vida, passam uma vibração do tipo 'tão louco que nem acredito'", disse DeVito. "A esta altura da vida, não quero pensar demais nas coisas."

Além dos diálogos irascíveis de Simon, "The Sunshine Boys" é também um sonho para quem faz humor físico. DeVito faz rir até quando simplesmente se remexe numa cadeira em cena.

Griffiths disse que não sabia o que esperar e observou que DeVito "transpira uma técnica casualmente perfeita na tela, que poderia parecer um pouco segura, um pouco errada no teatro".

Vários críticos elogiaram a atuação de DeVito, incluindo Ben Brantley, do "The New York Times", que em junho escreveu que "o fogo e a fúria" de DeVito lhe lembravam o personagem de animação Taz. "Mesmo imóvel, ele parece estar girando e soltando faíscas", escreveu Brantley.

DeVito foi convidado para o papel depois que a produtora Sonia Friedman e Griffiths começaram a discutir o projeto.

Friedman havia conhecido DeVito anos antes, quando a mulher dele, Rhea Perlman (da série de TV "Cheers"), atuava em Londres. Ela se lembra de ter pensado em como "seria maravilhoso ter a energia de Danny sobre o palco".

DeVito disse que em geral evitou a vida social londrina, preferindo permanecer no seu apartamento e habitar um mundo fechado como o de Willie.

Ele pedia à família que não o visitasse; embora se sentisse solitário -a ponto de engasgar ao falar disso na entrevista-, ele disse que o isolamento moldou as reações passivas/agressivas de Willie aos outros personagens.

"Ficar sentado sozinho no meu apartamento me ajudou a ver como Willie é desesperado, que é o que eu queria encontrar, porque eu achava que a peça era ao mesmo tempo muito engraçada e muito triste. O lado ruim foi que eu mesmo fiquei um pouco triste."

Como "Sunny" deve ter novos episódios gravados até novembro, a eventual montagem de "The Sunshine Boys" em Nova York só poderia ocorrer mais para o fim do ano, segundo Friedman. DeVito disse estar ansioso por atuar na Broadway.

"Eu não iria querer vir para Nova York em algo frívolo, truqueiro", disse ele.

"Há uma tristeza na relação entre esses dois homens que realmente me pegou e acho que surpreenderia as plateias americanas que poderiam ter certa expectativa sobre uma comédia de Neil Simon -e sobre mim."

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