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Multinacionais buscam um pouco da magia do Vale do Silício

Por EVELYN M. RUSLI

MENLO PARK, Califórnia - Nova York, Londres e Hong Kong são endereços comuns para grandes multinacionais. Agora, o Vale do Silício também é.

Do centro de San Francisco a Palo Alto, empresas multinacionais como a American Express e a Ford estão abrindo escritórios e investindo milhões de dólares em empreendimentos locais. Neste ano, a American Express abriu um escritório de capital de risco em Palo Alto. Nas proximidades, o laboratório de pesquisa da General Motors hoje abriga profissionais de investimento.

"Este é um momento de transformação", disse Harshul Sanghi, um sócio-gerente da American Express Ventures, filial de capital de risco da companhia financeira. "Estamos aqui para fazer parte do tecido da inovação."

As companhias estão investindo em seus perfis no Vale do Silício em um momento delicado para a indústria de capital de risco em geral. A maioria das firmas desse setor luta com retornos anêmicos. E o mercado para start-ups também diminuiu, depois das acentuadas quedas das ações do Facebook, da Zynga e do Groupon.

Mas, diferentemente dos investidores de risco tradicionais, as multinacionais estão menos interessadas em lucros.

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, um grupo espanhol, abriu um escritório em San Francisco no ano passado. A equipe tem cerca de US$ 100 milhões para financiar novatas locais.

"Estamos em uma das indústrias mais regulamentadas e avessas a riscos do mundo, por isso a inovação não surge naturalmente", disse Jay Reinemann, chefe do escritório do BBVA. Ele acrescentou: "Queremos evoluir junto com nossos clientes".

Em agosto, a Starbucks investiu US$ 25 milhões na Square, empresa de pagamentos via celular em San Francisco, que será usada nas lojas da rede.

Neste ano, a Citi Ventures, uma unidade do Citigroup, investiu na Plastic Jungle, uma bolsa de cartões de presentes on-line, e na Jumio, uma rastreadora de cartões de crédito on-line.

As multinacionais não são tão ágeis quanto as jovens novatas. Embora ricas em recursos, as grandes companhias tendem a ser mais conservadoras.

Das 750 unidades de risco corporativas, aproximadamente 200 foram fundadas nos últimos dois anos, segundo a Global Corporate Venturing, uma publicação que acompanha o mercado. No ano passado, as corporações participaram em mais de US$ 20 bilhões de investimentos em start-ups.

Nos dias finais da bolha das pontocom em 2001, companhias financeiras, de mídia e de telecomunicações aplicaram bilhões de dólares em novatas. O colapso foi devastador. Mas as empresas dizem que desta vez os investimentos são menores e mais seletivos.

"Investimos com a ideia de que somos um cliente potencial de uma companhia", disse Jon Lauckner, diretor da GM. "Não estamos procurando fazer vários investimentos de US$ 5 milhões e ganhar US$ 10 milhões em cada um."

A American Express reforçou sua equipe de investimentos com veteranos em tecnologia. Sanghi, o diretor do escritório, passou 30 anos no Vale do Silício. Através de sua rede de relacionamentos, o escritório se reuniu com aproximadamente 300 start-ups nos últimos seis meses.

As conexões surtem efeitos. O indiano Vinod Khosla, diretor da Khosla Ventures e fundador da Sun Microsystems, apresentou a equipe da American Express aos executivos da Ness Computing, uma novata de celulares. Em agosto, a American Express se associou à Singtel, a companhia de wireless de Cingapura, para investir US$ 15 milhões na Ness.

"Tentamos sempre buscar novas maneiras de acumular valor para nossa rede de comerciantes e consumidores", disse Sanghi.

Um grande benfeitor corporativo pode trazer às start-ups recursos e uma plataforma estabelecida para promover e distribuir produtos. A Envia Systems, fabricante de baterias para carros elétricos, escolheu a GM para liderar sua última rodada de financiamento para ganhar um relacionamento mais próximo com uma grande fabricante de carros, seu "consumidor final absoluto", disse Atul Kapadia, presidente da Envia.

A GM ofereceu à novata acesso a seus peritos e instalações em Detroit, que a Envia está usando.

As fabricantes de peças para carros japonesas Asahi Kasei e Asahi Glass também investiram na Envia. Ambas fabricam produtos de baterias concorrentes para companhias de carros japonesas.

Kapadia, que valoriza seu conhecimento do mercado japonês, diz que sua empresa é cuidadosa sobre a informação de propriedade intelectual que compartilha com seus investidores, mas admitiu que pode ver a possibilidade de surgirem problemas.

A OnLive, um serviço de jogos on-line, oferece um lembrete. A companhia já foi uma queridinha dos investidores corporativos, e a certa altura esteve avaliada em mais de US$ 1 bilhão.

Mas a novata quebrou em agosto, pegando muitos de surpresa.

"Pode ser doloroso", diz James Mawson, fundador da Global Corporate Venturing, "quando um negócio azeda."

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