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Combate ao deficit divide candidatos

Por JACKIE CALMES

WASHINGTON - Quatro anos atrás, Barack Obama prometia em sua campanha presidencial reduzir o deficit federal pela metade ao final de quatro anos. Mas aí veio a calamidade financeira, os estímulos governamentais no valor de US$ 1,4 trilhão e uma recuperação econômica lenta.

Apesar das pequenas melhoras ano após ano, o deficit ultrapassou US$ 1 trilhão pela quarta vez consecutiva. A explicação de Obama -de que o déficit herdado por ele está se encaminhando para cair pela metade apenas um ano depois do prometido, em termos de percentual do PIB,- está soando, na melhor das hipóteses, professoral.

O desequilíbrio fiscal aumentou em cerca de 40% a dívida acumulada pelos EUA, impondo a Obama uma das suas maiores vulnerabilidades.

O combate ao deficit é uma questão importante. Sobre esse assunto, a maioria dos eleitores ouvidos em pesquisas manifestam maior confiança no candidato desafiante, Mitt Romney, do que em Obama.

Para reduzir o deficit e estimular a economia, Romney propõe encolher o governo, cortar impostos e aumentar gastos militares. Ele quer também impor mais concorrência privada ao Medicare (programa de saúde para idosos), para conter seus custos, e fixar limites para os repasses do programa Medicaid (saúde para pessoas pobres) aos Estados.

Obama quer combinar cortes de gastos e aumentos de impostos para famílias mais ricas, sem diminuir significativamente o papel do governo nem alterar o Medicare, o Medicaid e a Seguridade Social. Esses programas respondem por 40% dos gastos federais, número que deve chegar a 50% em uma década.

Romney não cita metas específicas de redução do deficit nem apresenta muitos detalhes, mas diz que equilibraria o orçamento anual em um prazo de oito a dez anos. A mais recente proposta orçamentária de Obama previa reduzir o deficit em US$ 5,3 trilhões ao longo de dez anos.

Analistas orçamentários dizem que, se o objetivo for buscar o equilíbrio fiscal, nenhuma dessas abordagens é adequada.

Robert Reischauer, ex-diretor do Escritório Parlamentar de Orçamento, manifestou o consenso de muitos analistas independentes ao dizer que "as propostas de Romney são politicamente inatingíveis, e as propostas do presidente, embora atingíveis, são modestas demais".

O Comitê por Um Orçamento Federal Responsável estimou que a dívida cresceria de 73% do PIB para pelo menos 86% na próxima década sob o plano de Romney. Sob as políticas obamistas, a dívida aumentaria para 77%, segundo o Escritório Parlamentar de Orçamento. Muitos analistas dizem que a dívida de um país nunca deveria superar 60% ou 70% do PIB.

Romney quer cortar US$ 5 trilhões em impostos (para além do que já foi feito na era Bush) e manter os gastos militares num nível que exigiria US$ 2,3 trilhões acima do projetado na década. Ele promete compensar esses custos, sem ampliar o deficit, por meio da suspensão de incentivos fiscais e da redução de programas domésticos.

Análises independentes salientam a dificuldade que Romney enfrentaria em encontrar recursos no código tributário para arcar com os cortes de impostos. Mas ele diz que não elevaria impostos para a classe média. Seu plano também conta com o crescimento econômico para elevar a arrecadação.

A principal proposta de Romney para reduzir os deficits em curto prazo é que, até o final do seu mandato, todos os gastos sejam limitados a 20% do PIB. Atualmente, eles chegam a 23%, e os obamistas argumentam que um limite de 20% é impraticável. Mesmo antes da recessão, já havia previsão de que os gastos federais iriam superar esse limite, em parte devido ao envelhecimento da população.

O plano de Obama, que buscaria equilibrar cortes de gastos e aumentos tributários, tem sido atacado por conservadores pelo fato de elevar impostos, e por alguns outros que consideram que o presidente não pode financiar o governo que ele deseja simplesmente taxando mais os ricos.

O orçamento de Obama "leva a um lugar melhor do que onde estamos agora", diz Robert Bixby, diretor-executivo da Coalizão da Concórdia, uma entidade de fiscalização orçamentária.

"Mas não é que ele esteja cheio de propostas ousadas, ou que traga uma perspectiva sustentável."

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