São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2010

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Série provoca debates antes de ir ao ar

Legado de Kennedy divide guerreiros culturais modernos

Por DAVE ITZKOFF
Uma nova minissérie sobre a Presidência de John F. Kennedy (1961-63) que está sendo desenvolvida pelo canal History ainda não tem elenco. Nem um único quadro foi rodado até agora. Mas a minissérie já tem críticos que querem que ela seja banida da TV.
Os críticos -entre os quais um ex-assessor de Kennedy, Theodore Sorensen- dizem que leram os roteiros do projeto e que eles contêm erros factuais e de ênfase. As divergências em torno de uma minissérie ainda embrionária parecem revelar tanto sobre o lugar duradouro ocupado pelos Kennedy, como campo de batalha nas guerras culturais, quanto revelam sobre a própria história.
Intitulada "The Kennedys", a minissérie foi idealizada por Joel Surnow, criador do seriado de ação "24 Horas" e politicamente um conservador declarado.
Agora, um documentarista de esquerda está lançando um vídeo na internet no qual estudiosos dizem que os roteiros da futura minissérie traçam um retrato dos Kennedy que, na melhor das hipóteses, é impreciso, e, na pior, é francamente calunioso. "É difamação política", disse o cineasta Robert Greenwald sobre os roteiros da série. "É uma coisa que quer atrair a atenção com detalhes sexuais sensacionalistas e alimentar paixões baixas." Greenwald diz que espera que seu vídeo e sua petição, postados no site stopkennedysmears.com, ganhem divulgação e vida própria.
Stephen Kronish, autor do roteiro de "Kennedys" e que se identifica como democrata de esquerda, falou: "No ano que vem, quando a minissérie estiver pronta e for ao ar, se as pessoas quiserem criticá-la, tudo bem".
Os críticos dizem que os roteiros de "Kennedys" contêm erros factuais. Por exemplo, dizem que os textos fazem referência a pesquisas de boca de urna na eleição presidencial de 1960, quando tais pesquisas ainda não tinham sido inventadas, e que, no roteiro, JFK lançou o Corpo de Paz durante a crise da baía dos Porcos, em abril de 1961, quando, na realidade, ele assinou uma ordem executiva criando a organização um mês antes.
Dizem que os roteiros inventam cenas que nunca aconteceram, como um diálogo que dá a entender que teria sido Kennedy quem teve a ideia de fazer o Muro de Berlim.
Diz Sorensen no vídeo: "Nem um único dos diálogos com o presidente dos quais eu teria participado, segundo o roteiro, jamais ocorreu".
Em outra cena, um agente do Serviço Secreto se aproxima do presidente quando este está fazendo sexo em uma piscina com uma pessoa que não é sua mulher.
Kronish disse que sua proposta "não é destruir a vaca sagrada" da Presidência Kennedy. JFK, disse ele, "foi parte de minha juventude e o primeiro presidente do qual tive consciência. Mas há coisas que fazem parte da história dos Kennedy e não são admiráveis, porque os Kennedy foram humanos".


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