São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Novos quebra-cabeças dão mais segurança à web

Humanos decifram "captchas" melhor que programas automatizados, ajudando a manter os computadores seguros. Novas versões exigem que as pessoas invertam uma imagem

Por ANNE EISENBERG

Programas vilões tentam registrar-se em sites da web e abrir brechas de segurança, mas um quebra-cabeça inteligente muitas vezes impede sua entrada. Trata-se de um conjunto de letras e números distorcidos que as pessoas têm de decifrar e digitar corretamente para serem admitidas, mas que as máquinas ainda não conseguem. Bem, pelo menos até agora.
Hoje, para ficar um passo à frente de fraudadores e seus programas automáticos, os pesquisadores estão criando novas versões dos quebra-cabeças, chamados "captchas", para ajudar os sites a bloquear abusos que incluem e-mail spam, publicações ilegais e votação fraudulenta on-line.
Os pesquisadores da Google estão testando um novo captcha que exige que as pessoas endireitem imagens giradas aleatoriamente, como a de um papagaio empoleirado de ponta-cabeça em um galho de árvore. A tarefa é simples para as pessoas -usar uma "touchscreen" de telefone celular, por exemplo, para virar a imagem-, mas é difícil para as máquinas.
Os novos quebra-cabeças podem ser construídos ao redor do tema de um site -por exemplo, desenhos animados em um site da Disney, ou objetos à venda no eBay, disse Rich Gossweiler, cientista do Google e líder da equipe que desenvolveu o sistema. Ele pode ser implantado rapidamente e tem um suprimento quase ilimitado de imagens.
"Nossa técnica expande o vocabulário dos captchas" além dos caracteres ofuscados, ele disse. "E pode tornar o processo menos difícil. É divertido resolver um quebra-cabeça." O programa rejeita imagens como as de rostos humanos, que os computadores já aprenderam a reconhecer. "Retiramos todas essas imagens que os computadores conseguem endireitar e aquelas com as quais os humanos têm dificuldade", contou.
As pessoas podem ter dificuldade para orientar arte abstrata, mas conseguem distinguir rapidamente a imagem do papagaio, por exemplo. "Podemos ver que ele precisa ser endireitado", ele diz, "mas é mais difícil para o computador destacar o papagaio" e então orientá-lo. O Google pode continuar abastecendo sua biblioteca de imagens testando novos candidatos. "Se um bando de pessoas endireitar uma imagem, nós a mantemos", ele disse. Mas se a imagem causar dificuldade, será descartada.
O termo "captcha" é a abreviação em inglês de "teste de Turing público completamente automático para diferenciar computadores e humanos", referência ao teste proposto pelo matemático Alan Turing para determinar se pode-se dizer que um computador pensa como um ser humano.
Muitas pessoas temem que, quando as máquinas se tornarem mais inteligentes, os dias da proteção dos captchas estarão contados, sejam os quebra-cabeças em forma de texto distorcido, clipes de áudio ou imagens invertidas. Mas o professor Henry Baird, do departamento de ciência e engenharia da computação da Universidade Lehigh, na Pensilvânia (EUA), discorda.
Baird e seus colegas propuseram um sistema de captchas que, como o do Google, pode ser entremeado no tema de um site da web. "As capacidades das máquinas estão melhorando lentamente", ele disse. "Mas eu acho que ainda há uma enorme lacuna entre as capacidades receptivas inatas dos seres humanos e as técnicas de uma máquina."


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