São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Empresas aéreas buscam combustíveis alternativos


Na aviação, o pinhão-manso não é um mero arbusto

Por MATTHEW L. WALD

WASHINGTON - Preocupado com os gastos com combustível, o setor aéreo busca alternativas —algas, camelina, pinhão-manso—, mas especialistas alertam que alguns dos novos combustíveis, entre eles o carvão, simplesmente substituem um problema por outro.
Recentemente, a Continental Airlines usou um combustível feito de algas e pinhão-manso para um voo de duas horas num Boeing 737 na região de Houston, EUA. Foi o primeiro teste com biocombustíveis em um jato bimotor.
A Air New Zealand realizou um voo com um quadrimotor Boeing 747 no qual um dos motores tinha uma mistura com 50% de biocombustíveis, e a Japan Airlines também planeja testes com esse fim. Embora o preço do querosene de aviação tenha caído junto com o do petróleo, executivos do setor manifestam a intenção de ficarem menos dependentes de uma fonte única de combustível.
“É difícil planejar um negócio e comprar equipamentos caros, que duram 20 ou 30 anos, quando há total incerteza sobre a sua maior despesa”, disse John Heimlich, economista-chefe da Air Transport Association, que reúne as principais empresas do setor.
Na fábrica de motores Pratt & Whitney, o vice-presidente de tecnologia e meio ambiente, Alan Epstein, disse que “é a primeira vez na história da aviação a jato que o mundo está seriamente considerando passar para um combustível totalmente novo”.
As algas da Continental vêm de uma empresa havaiana chamada Cyanotech, que as cultiva como suplemento alimentar.
Um substituto do petróleo já é usado em grande volume. A Sasol, empresa sul-africana de carvão, há anos faz um combustível semissintético para jatos, com metade de petróleo e metade de carvão, que abastece aviões que partem de Johannesburgo. Em abril de 2008, o Ministério britânico da Defesa aprovou o uso de 100% desse combustível.
Esse combustível tem algumas vantagens sobre o querosene tradicional, como a emissão extremamente baixa de enxofre, mas, no que tange à produção, o combustível à base de carvão gera muito mais dióxido de carbono (CO2) do que o combustível à base de petróleo.
Usando um processo similar ao da Sasol, uma refinaria do Qatar está produzindo um combustível alternativo para jatos a partir do gás natural.
Na fábrica de combustíveis UOP, Jennifer Holmgren, diretora de produtos químicos e energias renováveis, disse que o combustível feito do pinhão-manso gera aproximadamente apenas metade do CO2 do combustível de petróleo. Isso é significativo, já que a União Europeia tenta convencer as empresas aéreas a reduzir a emissão do CO2.
Ambientalistas defendem fortemente os combustíveis de baixo carbono, desde que não compitam com a produção de alimentos.


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