São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2011

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DIÁRIO DE LANDQUART

Esporte americano invade a Suíça

Por JOHN TAGLIABUE

LANDQUART, Suíça - Esta cidade aninhada entre picos alpinos nevados tem muito queijo, já que fica na Suíça, e tem futebol -do tipo americano.
Numa tarde ensolarada de domingo, pouco tempo atrás, enquanto cerca de 300 torcedores devoravam costelas e linguiças, o time local Calanda Broncos (o nome é o de uma cerveja local que o patrocina), de uniforme vermelho, infligiu derrota arrasadora ao time visitante, os Renegades de Zurique, por 48 a seis.
Os torcedores dizem que o futebol americano é provavelmente o esporte mais popular da Suíça, depois do futebol e do hóquei no gelo. Há clubes em todas as cidades principais do país, com times seniores e juniores e até mesmo "flag football" (uma versão do esporte) para crianças e, em alguns casos, mulheres. "Todos os times estão crescendo", disse Alex Trost, 35, gerente de projetos de engenharia civil que é também presidente do time de Zurique.
"Talvez seja pelo exotismo, pelo 'American way of life', ou simplesmente o fascínio suscitado pelo esporte", disse Trost antes da derrota para os Broncos, atuais campeões da liga suíça. O italiano Massimo Monti, jogador de um time de Milão, fundou o primeiro clube de futebol americano da Suíça, o Lugano Seagulls, quando se mudou para a cidade em 1982. Hoje, a Liga Suíça de Futebol Americano tem 16 clubes afiliados, incluindo um sediado na Áustria.
Estranhamente, aos olhos dos americanos, os suíços jogam futebol na primavera, não no outono. "É o momento de nossas férias escolares, e as condições do tempo costumam ser melhores", explicou Trost. "No final do outono, costuma nevar, e os responsáveis pelos campos não nos deixam usá-los." Por essa razão, os times jogam entre março e meados de julho, como é a praxe na Europa.
Ninguém fica rico jogando futebol americano aqui. Os jogadores não recebem salários; na realidade, precisam pagar anuidades de quase US$ 800 para poderem jogar. Eles pagam por seus próprios equipamentos, que podem custar até US$ 1.700, se quiserem equipamentos dos mais modernos. Os treinadores e diretores dos clubes podem receber pequenos estipêndios, e os clubes pagam o traslado de jogadores estrangeiros até a Suíça e procuram alojamento, emprego local e, às vezes, carro para eles.
Greg Conti, 29, jogava como centroavante na Universidade Bucknell e, depois, foi vendedor de equipamentos de construção em sua cidade natal, Pittsburgh, até ser demitido. Um amigo lhe contou sobre o futebol europeu.
Walter C. Tribolet, 34, que dirige o clube Broncos há três anos, estava sentado sobre uma cadeira dobrável à sombra de um bordo no meio do campo, trajando camiseta cor de laranja dos Denver Broncos e boné de beisebol. "Aqui, as pessoas não ficam ricas", disse ele. "É o contrário do que acontece na NFL."
"Mas veja essa vista", ele ponderou, apontando para os picos alpinos que cercavam o campo. "Como superar tudo isso?"


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