São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2011

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NEGÓCIOS VERDES

Indústria solar vê futuro em painéis que flutuam na água

Por TODD WOODY

PETALUMA, Califórnia - Os painéis solares brotaram em inúmeros telhados, estacionamentos e campos no norte da Califórnia. Hoje, várias companhias novatas veem potencial para painéis solares que flutuam na água.
Já existem 144 painéis solares sobre pontões ancorados em um lago de irrigação de 1 hectare rodeado de vinhedos em Petaluma, no condado de Sonora. Cerca de 72 km ao norte, no coração do Vale do Napa, outra instalação de 994 painéis solares cobre a superfície de um lago no vinhedo Far Niente.
"Queríamos ser solares, mas não queríamos arrancar nossas vinhas", disse Larry Maguire, executivo-chefe da Far Niente.
A empresa que instalou as duas geradoras, a SPG Solar, de Novato, Califórnia, assim como a Sunengy, da Austrália, e a Solaris Synergy, de Israel, estão entre as que tentam desenvolver um mercado de painéis solares em lagos agrícolas e de mineração, reservatórios hidrelétricos e canais. Embora seja um mercado nicho, poderá se tornar grande globalmente. As fazendas aquáticas de painéis solares despertaram o interesse de agências de água municipais, agricultores e mineradoras, atraídos pela perspectiva de encontrar um novo uso para -e nova receita de- seus ativos líquidos, segundo executivos da energia solar.
A Sunengy, por exemplo, está cortejando mercados em países em desenvolvimento que têm problemas de escassez de eletricidade, mas possuem recursos hídricos abundantes e intensa insolação, segundo Philip Connor, cofundador e diretor tecnológico da empresa.
Chris Robine, executivo-chefe da SPG Solar, disse que ouviu falar de clientes prospectivos na Índia, na Austrália e no Oriente Médio. Quando sua terra é preciosa, ele disse, "é um grande lucro ter energia limpa de origem solar, que não absorve recursos da agricultura ou mineração".
A Sunengy, baseada em Sydney, disse que assinou um acordo com a Tata Power, a maior fornecedora privada de energia da Índia, para construir um pequeno projeto piloto em um reservatório hidrelétrico perto de Mumbai.
Enquanto isso, a Solaris Synergy disse que pretende flutuar uma instalação solar em uma represa no sul da França, em um teste com a fornecedora francesa EDF.
O MDU Resources Group, um conglomerado de infraestrutura de energia e mineração baseado em Bismarck, na Dakota do Norte, está em negociação com a SPG Solar sobre instalar painéis fotovoltaicos flutuantes em lagos de sedimentos em uma de suas minas de cascalho na Califórnia, segundo Bill Connors, vice-presidente de recursos renováveis da MDU.
"Não queremos instalar um projeto de recurso renovável no meio de nossas operações, perturbando a mineração", disse Connors. "Os lagos de sedimentos são terra que não estamos utilizando no momento, exceto para descarga, e se pudermos colocar essa terra improdutiva em uso produtivo enquanto reduzimos nossos custos de eletricidade e nossa pegada de carbono é algo que nos interessa."
A SPG Solar construiu o sistema flutuante de 400 kw da Far Niente em um lago de 1,5 hectare em 2007, como um projeto especial, e passou os últimos quatro anos desenvolvendo uma versão comercial chamada Floatovoltaics que, segundo executivos, é competitiva em custo com um sistema convencional montado no solo.
O modelo Floatovoltaics é a instalação que flutua na superfície do lago de irrigação de Petaluma.
Longas fileiras de painéis fotovoltaicos comuns feitas pela Suntech, a fabricante chinesa, estão inclinadas em um ângulo de 8 graus sobre uma grade de metal adaptada a pontões e ancorada por cordas e boias para suportar o vento e as ondas.
A instalação, que ainda não entrou em operação, será ligada a uma linha de transmissão através de um cabo que passa sob o leito do lago. Phil Alwitt, gerente de desenvolvimento de projeto da SPG Solar, disse que, quando o conjunto estiver pronto, 2.016 painéis vão cobrir a maior parte da superfície do lago e gerar 1 megawatt de eletricidade no pico da produção.
Ele notou que o efeito de resfriamento da água aumenta a produção de eletricidade no vinhedo Far Niente em 1% em relação a um sistema típico montado no solo. As empresas dizem que seus sistemas inibem o crescimento de algas destrutivas ao bloquear a luz do sol de que elas precisam para crescer.
Connor disse que a Sunengy procura países em desenvolvimento para transformar barragens hidrelétricas e reservatórios de aldeias em baterias gigantes.
"Se você tiver uma seca em uma barragem hidrelétrica, seu ativo não está morto", disse Connor. "Se você tiver energia solar nessa represa, pode continuar gerando eletricidade."


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