São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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DMITRI DMITROV

Atendendo as estrelas, sem ceder às fofocas

Por GUY TREBAY

WEST HOLLYWOOD, Califórnia - Los Angeles é uma cidade vasta, mas Hollywood é um vilarejo, cujos habitantes preferem beber em lugares já familiares. Talvez o mais badalado deles atualmente seja o Tower Bar, no Sunset Tower Hotel.
O restaurante e o edifício que o abriga, na Sunset Boulevard, pertencem ao novaiorquino Jeff Klein, que resgatou o hotel quando ele havia virado um lixão "art déco", transformando-o em um reduto chique. Mas todo mundo por aqui sabe que quem manda no lugar é o seu maitre.
Trata-se de Dmitri Dmitrov, um imigrante macedônio de 60 anos, com cabelo à la Rodolfo Valentino, um sotaque tão teatral que parece inventado e modos tão ostensivamente corteses a ponto de também parecerem irreais.
Mas quando Dmitrov inclina a cabeça e sorri, guiando a clientela pelo salão, sua atuação mascara um poder sutil e assertivo.
Numa cidade onde a fofoca é moeda corrente, Dmitrov se porta como uma esfinge, que tudo sabe e nada diz aos outros.
"Ele cria um pequeno bolsão de segurança", disse Jennifer Aniston, frequentadora assídua do Tower Bar, "um refúgio onde você sabe que não está sendo vendido pelo garçom, por um cliente ou pelo manobrista".
Ninguém consegue mesa no Tower Bar sem a aquiescência de Dmitrov. Ninguém fica zanzando por lá nas noites em que artistas famosos estão sentados em praticamente todas as mesas, nem garante lugar passando a Dmitrov uma gorjeta.
Ninguém saca um iPhone e tenta tirar uma foto, violando o tom astutamente civilizado que Klein impôs ao seu hotel.
"O mais importante é se colocar na posição de serviço, um toque gentil, um toque humilde", disse o maitre. "O máximo é quando agrado alguém como Sean Penn, Johnny Depp, Nancy Reagan ou Betsy Bloomingdale", acrescentou. "Eu estudo essa gente. "
Dmitrov está há décadas no setor de serviços. Começou como ajudante de garçom em Londres, ainda adolescente, nos anos 1960, e depois trabalhou num Ritz-Carlton do Canadá e em vários restaurantes de Los Angeles.
Nestes seis anos desde que Klein o resgatou da decadência profissional em um restaurante russo com cisnes de gelo, ele virou uma instituição em Hollywood.
"Dmitri é em parte fantasia, algo de antigamente", disse a premiada atriz Anjelica Huston. "Ele bate palmas com alegria ao vê-lo. Ele o leva praticamente dançando até a sua mesa."
As habilidades de Dmitrov eram exatamente o que o restaurante procurava para se contrapor ao estilo de garçons que usam fones de ouvido e cumprimentam os clientes pelo primeiro nome.
"Fui criado com trabalho árduo e com o clássico serviço francês", disse Dmitrov, "mas também leio a 'Hollywood Reporter' todas as manhãs, como uma Bíblia".
Bloomingdale, uma socialite íntima de Reagan, disse que já tinha ouvido falar de Dmitrov antes de ele chegar ao Tower Bar.
"A coisa com as mãos, o jeito como ele se curva, é tão divertido. Você vê imediatamente por que ele é tão especial, porque já não se faz mais gente como ele."
Ou talvez nunca se tenha feito. "As pessoas de Hollywood são notavelmente suscetíveis à fantasia", disse o produtor Richard Roth, de "Nosso Amor de Ontem". "As mesmas pessoas que fazem a fantasia precisam dela."
E Dmitrov a oferece, com um desempenho que parece ecoar todos os mordomos dos filmes hollywoodianos da década de 1930.


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