São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LENTE

A economia não convencional

Há meses os economistas falam sobre "brotos verdes" na economia. Mas muitos desses brotos estão surgindo em lugares inesperados, preenchendo lacunas deixadas pela recessão.
Vendo-se desempregados, alguns amadores dedicaram o tempo livre à suas artes. E no Etsy, um site da web de leilões de produtos feitos à mão, alguns deles hoje têm rendas de seis dígitos.
"O Etsy salvou minha vida", disse Yokoo Gibrand, que ganha mais de US$ 140 mil por ano vendendo cachecóis de tricô e acessórios. Mas ela acrescentou: "Este é o emprego mais difícil que já tive".
Em Nova York, o mercado de aluguéis estagnado obrigou os senhorios a rever seus conceitos sobre alugar para lojas e cabeleireiros de animais. Antes considerados inquilinos indesejáveis por causa dos odores e do barulho, os negócios que atendem animais de estimação aproveitaram a oportunidade para se expandir -e prosperar.
"As pessoas não param de gastar com animais e filhos em uma recessão", disse Anisha Khanna, sócia de um centro de cuidados para cães chamado Spot. "Acho que, por causa da ligação emocional, eles estão gastando mais do que nunca."
Scott Martin, um arquiteto subempregado, aproveitou o espaço industrial barato para abrir um negócio de aluguel de árvores de Natal. Seus funcionários também são arquitetos desempregados. "Você pode experimentar qualquer coisa aqui e ninguém lhe dirá que é uma má ideia", disse Martin, cuja empresa é baseada em Los Angeles. "A Califórnia está mais ligada ao movimento ecológico, por isso aqui são mais propensos a experimentar esse serviço."
Os senhorios em Nova York e San Francisco estão recorrendo a artistas para animar fachadas de lojas vazias. Eles alugam o espaço como ateliês temporários, chamados de galerias pop-up no Reino Unido, onde a prática está estabelecida. Os artistas conseguem um aluguel barato e atraem interesse para bairros antes desprezados.
"Qualquer tipo de atividade é melhor que nenhuma atividade", disse Jed Walentas, um empresário imobiliário do Brooklyn. "Desde que seja bastante curta e flexível, não há um custo real."
Embora haja muitas fagulhas de atividade na economia, como a recuperação real pode ser mensurada? Há "indicadores" em qualquer lugar para onde você olhar, escreveu Jack Healy. Por exemplo, o número de caixas de papelão produzidas -do tipo usado para embalar qualquer espécie de produto- despencou juntamente com a produção de outros bens, mas agora está crescendo de novo, em um sinal de que as fábricas pretendem aumentar a produção.
Por outro lado, o número de famílias americanas com hortas de legumes está em alta -e uma pesquisa da Associação Nacional de Jardinagem disse que mais da metade dos horteleiros caseiros pretendem economizar dinheiro com comida, relatou Healy.
"Muitos economistas avisam que é difícil extrapolar a partir desses indícios", escreveu Healy.
Enquanto esses sinais de vida e outras medidas mostram que a economia voltou do buraco, ainda temos um caminho a percorrer, relatou Julie Creswell.
"Alguns economistas dizem que há uma luz no fim do túnel", ela escreveu. "Quando os consumidores continuam adiando as aquisições de carros e casas, isso cria uma demanda reprimida que eventualmente será atendida. 'Eventualmente' pode significar o ano que vem, mas ninguém sabe com certeza."


Envie comentários para nytweekly@nytimes.com



Texto Anterior: A batalha pelos elementos
Próximo Texto: TENDÊNCIAS MUNDIAIS
Europa vive angústia sobre sua identidade

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.