São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2011

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Os modernos de Nova York se refrescam em 'Rocapulco'

Por BEN DETRICK

NOVA YORK - Há alguns verões, os Rockaways -uma faixa de bangalôs dilapidados, conjuntos habitacionais tomados pela droga e um deque de madeira da era da Depressão na borda leste do Queens, no ponto final da linha A do metrô- tornaram-se ponto de encontro improvável de jovens ligados às artes que vivem no Brooklyn e na Baixa Manhattan.
Chegando em bicicletas sem marcha, carros alugados e skates, eles deram um novo charme à vida de verão na antes desprezada comunidade praiana, desfrutando de churrascos nos bangalôs e piña nos pubs irlandeses.
E, neste verão, a concessão de barracas que vendem hambúrgueres de feijão preto com quinoa e shakes de arroz com leite cresceu em todo o calçadão. Concertos ao ar livre estão sendo encenados. E os agentes imobiliários comercializam avidamente apartamentos como casas de verão para jovens profissionais.
"Tem um pouco de tudo", disse Chris Parachini, dono da Roberta's, uma cantina no Brooklyn. Parachini, que frequenta os Rockaways há dez anos, é sócio da casa de hambúrgueres Rippers. "Lembra-me Venice em Los Angeles há 25 anos."
A península de Rockaway, apelidada de "Rocapulco" ou "the Rock", é uma faixa de terra de 17 km com um litoral dotado de ótimas praias, incluindo uma parte intocada incluída na Área de Recreação Nacional Gateway.
Mas o lado leste de Rockaways tornou-se um símbolo de negligência urbana. Antes um balneário elegante com mansões vitorianas, ele perdeu a popularidade depois da Segunda Guerra Mundial, e os bairros foram arrasados para dar lugar a conjuntos habitacionais do governo. "Mas deixou de haver uma população locatária no verão", disse Lawrence Kaplan, coautor de "Between Ocean and City: The Transformation of Rockaway, New York" [entre o oceano e a cidade: a transformação de Rockaway, Nova York].
As coisas começaram a mudar há cerca de uma década, e uma das primeiras turmas a plantar suas bandeiras de fim de semana na praia mais rochosa de Rockaway foram os surfistas radicais (Breezy Point, uma tranquila comunidade praiana na ponta oeste há muito tempo batizada de Riviera Irlandesa, continua sendo um refúgio de verão popular para antigas famílias de NY).
Os surfistas embarcavam com pranchas no metrô e rumavam para Rockaway Beach. Também havia uma mentalidade fora da lei: o surfe era ilegal, e os aventureiros eram multados. Seu número cresceu desde 2005, quando a cidade designou faixa entre dois píers perto da Rua 90 a primeira praia surfável de Nova York.
Dave Youn, 34, e outros 13 surfistas alugaram um bangalô de dois andares por US$ 1.100 por mês, principalmente para guardar as pranchas. A notícia dos aluguéis baratos, transporte fácil e praias pouco povoadas se espalhou. O cascalho e a falta de amenidades familiares nas Rockaways faziam parte da atração.
"Eu não vi uma criança", disse Chris Martin, 27, skatista e fotógrafo que foi de carona até a praia em Fort Tilden, base militar no lado oeste da península. "Era incrível." Enquanto os moradores pobres chamam de lar dos bangalôs arruinados de Far Rockaway, profissionais urbanos estão transformando outros em completos refúgios, com máquinas de espresso e móveis de jardim.
Os chalés maiores e apartamentos envidraçados perto da praia estão sendo vendidos como casas de verão, por uma fração do preço de outras praias.
"Eu queria ter um refúgio no lugar do momento", disse Benjamin Noriega-Ortiz, um decorador de Manhattan. "Minha coisa preferida é olhar para o mar do conforto de nosso terraço. Às vezes, você quer uma folga da elegância."


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