São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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CRYSTAL RENN

Modelo evita 'enlouquecer' por calorias

Por ERIC WILSON
Quando Stephen Gan, influente diretor de criação de revistas de moda como "Harper's Bazaar" e "Visionaire", conheceu Crystal Renn, em setembro passado, ele teve a mesma reação que virtualmente todo o mundo que fica cara a cara com a principal modelo tamanho grande da indústria: "Você não é grande", disse Gan.
Renn -23 anos, 1,73 metro de altura, sutiã tamanho 38, cintura 76, quadril 107, cabelos e olhos castanhos- é uma americana tamanho 42 (grande). Gan esperava uma Mae West. Fotos nas edições internacionais de "Bazaar" e "Vogue' haviam enfatizado tanto as curvas naturais de Renn, e em alguns casos as exageraram com iluminação e manipulação digital, que ele imaginou que ela fosse muito maior, em vez da jovem normal de tirar o fôlego que veio lhe contar sua história.
As chamadas modelos tamanho plus constantemente ouvem de editores e estilistas que não parecem gordas, o que deveria ser um elogio, disse Renn em sua memória recém-publicada, "Hungry" (Faminta). Mas torna-se cansativo para uma modelo que aspira a arrebatar contratos de perfumes de mulheres que são tamanho 35 ou inferior, ela disse. "É simplesmente bizarro que hoje o peso 'normal' seja um excesso", ela escreveu.
"Vimos que as mulheres supermagras podem ser tão infelizes quanto as mais gordas. Sabemos como é terrível ficar obcecada por calorias. Nós simplesmente preferimos não enlouquecer."
As revistas hoje fazem questão de incluir tipos físicos mais diversificados. Não passou despercebido por Renn e pela indústria da moda que a reação contra as modelos magras demais deu um grande impulso à carreira dela. Do ponto de vista da alta-costura, ela está "muito distante" da modelo de maior sucesso na seção de tamanhos grandes da Ford Models, disse seu agente, Gary Dakin.
Apesar de toda a aparência de sucesso, Renn já teve dias sombrios, como narra em seu livro: ela conta que passou fome para ser uma modelo "tamanho reta", o termo da indústria para as garotas que se encaixam no padrão dominante de beleza, isto é, as extremamente magras.
Muitas modelos tamanho plus se queixam de que suas imagens são retocadas, como as capas de celebridades -para fazê-las parecer maiores. Renn disse que viu imagens em que acrescentaram peso para lhe dar uma aparência de tamanho 52, de modo a atrair as consumidoras mais gordas.
Em seu livro, ela descreve isso como o fetiche da gordura. "Quando os estilistas e editores escolhem uma garota gorda para enaltecer, não tenho certeza o quanto isso ajuda a causa de usar garotas de todos os tamanhos nas revistas", ela escreveu. O que Renn gostaria de ver, em nome da imparcialidade, é que os fotógrafos e as revistas decidissem não mostrar imagens de modelos com as costelas salientes.
"Estou lutando por algo", disse. "Acredito que a moda pode ser um lugar de diversidade. Não vai acontecer da noite para o dia, mas você quer isso?"

"É bizarro que 'normal' seja o novo excesso de peso. Vimos que mulheres supermagras podem ser tão infelizes quanto as mais gordas"


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