São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009

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Vizinhos incômodos no trabalho

PHYLLIS KORKKI
CONSULTOR DE CARREIRAS

Dúvida. Alguns de seus colegas de trabalho o estão irritando. É você ou são eles?
Resposta. Pode ser uma combinação dos dois, e a disposição física do seu escritório também pode influir. Escritórios abertos -que intensificam os ruídos e as interrupções dos outros- aumentam a irritação no local de trabalho, diz Jonathan Littman, coautor do livro "I Hate People" (Odeio gente).
Considere também que os locais de trabalho estão se tornando mais diversificados, e as pessoas tendem a ter hábitos, preferências e sensibilidades completamente diferentes, diz Bruce M. Patton, vice-diretor do Projeto de Negociação de Harvard. É inevitável que tudo isso interfira de maneiras que deixam as pessoas frustradas.
Em um local de trabalho "você coloca pessoas diferentes juntas; elas não querem necessariamente estar lá e têm motivações diferentes", disse Robert I. Sutton, professor e psicólogo organizacional na Universidade Stanford, na Califórnia.

Dúvida. Como minimizar o impacto de colegas de trabalho que incomodam ao falar interminavelmente sobre seus problemas pessoais, conversar sem parar nas reuniões, estar constantemente atrasados, falar alto ao telefone ou comer coisas de cheiro forte em suas mesas?
Resposta. Você poderia decidir isolar-se e queixar-se amargamente para seus parentes e amigos depois do trabalho, mas não é a melhor abordagem.
Se você não conseguir falar com a pessoa que o incomoda, experimente criar uma estratégia, sugeriu Barbara Gray, professora e diretora do Centro para Pesquisa de Conflitos e Negociação na Universidade Penn State, EUA. Ela divide os incômodos em duas categorias: "os que você consegue suportar e os insuportáveis".
Em um escritório aberto, disse Littman, você pode enviar "sinais ao mesmo tempo sutis e concretos para que as pessoas tenham menos chances de incomodá-lo". Por exemplo, pode criar uma "pseudoporta" no seu cubículo, bloqueando a entrada com uma cadeira para que ninguém o interrompa.
Você também pode armar "alçapões" de fuga ao longo do dia para não ficar constantemente exposto a irritações, disse Littman. Às vezes é melhor cultivar a "arte do distanciamento emocional e da indiferença", disse Sutton. "Não deixe que aquilo atinja sua alma", ele acrescentou. "Às vezes você simplesmente precisa aprender a não se incomodar."

Dúvida. É muito difícil falar com alguém sobre seus hábitos irritantes. Como você decide se precisa conversar a respeito, e como começar?
Resposta. Talvez você precise falar com a pessoa quando a pessoa incômoda está interferindo em seu trabalho, disse Gray. Seja tão neutro e idôneo quanto possível e compreenda que as pessoas podem estar totalmente inconscientes de que estão causando incômodo.
"Explique qual é o comportamento e como ele o afeta", disse Gray. Pode ser alguma coisa do tipo: "Quando você me interrompe no meio de um pensamento, sinto-me incomodado porque não sou capaz de contribuir plenamente para a reunião". Então você precisa ouvir o lado da outra pessoa, apontou a professora.

Dúvida. Em que ponto se deve envolver o gerente?
Resposta. Se o comportamento for mais prejudicial que incômodo, ou se afetar muitas pessoas, talvez um chefe tenha de intervir. Sutton disse que conhece uma situação que envolve projetistas de chips que costumam incomodar muito os colegas e que se recusam a cooperar no ambiente de trabalho. Afinal, ele disse, a direção decidiu que seria melhor "passar-lhes as instruções por baixo da porta e sair correndo".


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