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Para alguns pais, trauma da UTI neonatal persiste
Por LAURIE TARKAN
O filho de Kim Roscoe, Jaxon, nasceu três meses antes da data prevista, com
pouco mais de um quilo. Durante nove dias, passou muito bem na UTI neonatal, e
Kim se sentia pouco diferente das outras mães. O pesadelo dela começou no décimo
dia.
"Eu o havia deixado no final da noite anterior, nos meus braços, pequeno, mas
perfeito", disse Kim, 30, que vive em Monterey, na Califórnia. Quando ela voltou
no dia seguinte, Jaxon tinha insuficiência renal e respiratória, e seu corpo
estava irreconhecível de tão inchado.
"Ele estava ligado aos respiradores, sua pele estava ficando preta, os alarmes
ficavam tocando repetidamente", lembra Kim.
Jaxon, agora com 16 meses, está em casa com a família. Mas passou 186 dias na
UTI e esteve várias vezes perto da morte.
Durante esse drama, Kim tinha pesadelos constantes. Dormia de sapatos, esperando
uma ligação do hospital a qualquer momento. Ficou de mal com o mundo, e sua
ansiedade era tamanha que chegava a pensar que o leitor de barras do
supermercado era um dos monitores de Jaxon se desligando. Seu marido, Scott,
cuidou da filha do casal, Logan, hoje com seis anos, e segurou as pontas
emocionalmente.
Cerca de três meses depois do nascimento do filho, Kim foi orientada a consultar
um psiquiatra. Recebeu um diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT), um distúrbio mental mais associado à passagem por guerras, a acidentes
de carros e a agressões, mas que agora está sendo reconhecido em pais de bebês
prematuros que passam muito tempo na UTI.
Um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade Stanford, da Califórnia,
publicado na revista "Psychosomatics", acompanhou 18 desses pais. Após quatro
meses, três deles tinham sido diagnosticados com TEPT, e sete estavam sob alto
risco de desenvolver esse distúrbio.
Especialistas dizem que pais de bebês em UTIs passam por múltiplos traumas, a
começar pelo parto prematuro.
"O segundo trauma é ver o seu próprio bebê em procedimentos médicos traumáticos
e episódios de ameaça à vida e também testemunhar outros bebês passando por
experiências similares", disse o autor do estudo, Richard Shaw, professor
associado de psiquiatria em Stanford e no Hospital Infantil Lucile Packard. "E,
terceiro, é que costumam receber más notícias em série. As más notícias estão
sempre chegando."
Especialistas dizem que os pais sob risco de TEPT devem ser identificados
precocemente e receber ajuda para lhes preparar para o trauma inicial. Mas
muitos hospitais estão focados em salvar os bebês, não nas crises emocionais dos
pais.
Liza Cooper dirige o programa de Apoio Familiar a UTIs Neonatais da entidade
March of Dimes, que oferece apoio psicológico a pais em 74 hospitais dos Estados
Unidos. "A peça mais crítica é ajudar a preparar alguém para que saiba o que
esperar e não cair num mundo de incógnitas assustadoras", disse ela.
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