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Coleções empresariais ganham espaço em museus
Por ROBIN POGREBIN
Admiradores do tranquilo "View of Fairmont Waterworks, Philadelphia" (Vista da
usina hidráulica Fairmont, Filadélfia), de aproximadamente 1860, de Thomas
Moran, ou o bucólico "Old House and Garden, East Hampton" (1917) (Casa e jardim
antigos, East Hampton), de Childe Hassam, parte da mostra de impressionismo
americano no Museu Millenium Gate de Atlanta, nesta temporada, podem
surpreender-se ao descobrir a identidade do curador: o Bank of America.
Desde os anos 1960, quando -sob a orientação de seu presidente, David
Rockefeller- o banco Chase Manhattan formou uma das primeiras grandes coleções
de arte pertencentes a empresas, bancos e outras grandes companhias vêm
comprando obras de belas-artes para conferir a suas instalações uma aura de
cultura e dignidade. Com o passar do tempo, muitas empresas foram ampliando
essas coleções, com curadores internos para cuidar delas, e cederam obras a
museus e outros espaços de exposição, sobretudo para finalidades de marketing.
Mas algumas poucas empresas, incluindo o JPMorgan, o Deutsche Bank e o UBS, de
vez em quando foram mais longe, cedendo exposições completas por períodos
limitados. E, recentemente, o Bank of America foi ainda além, criando um
cardápio de exposições prontas que fornece a museus por um custo nominal.
Tradicionalmente, os museus hesitam em autorizar os patrocinadores de uma
exposição a exercer papel importante nas decisões dos curadores. "O vital é a
independência dos curadores, a capacidade de um curador de tomar suas próprias
decisões sobre o que constituiria uma exposição", disse Glenn D, Lowry, diretor
do Museu de Arte Moderna de Manhattan (MoMA).
Lowry disse que seu museu só concorda em exibir uma coleção empresarial se a
maior parte das obras da exposição for doada ao museu, caso da mostra de obras
do UBS realizada pelo MoMA em 2005. "Essa é nossa salvaguarda", disse. "Tivemos
uma contribuição real, porque é uma doação ao museu. Aquilo que será exposto não
vai retornar ao mercado."
Rodney M. Cook Jr., presidente da Fundação de Monumentos Nacionais, proprietária
do Millenium Gate, disse que não está preocupado com as potenciais consequências
comerciais de se promover uma exposição do Bank of America. "Existe algum
problema em se elevar o valor de uma grande coleção?", indagou. "A qualidade
dessa coleção incrementa o museu, mais do que o museu incrementa a coleção. São
alguns dos maiores quadros da história americana."
Em vista da recessão econômica, que vem forçando o cancelamento, adiamento ou
prolongamento de exposições em todo os EUA, mais instituições de arte de porte
pequeno a médio podem estar abertas à possibilidade de aceitar exposições
prontas.
"Isso alivia a pressão de sempre ter que lançar exposições", disse Holly Block,
diretora-executiva do Museu de Artes do Bronx, que recentemente promoveu a
mostra "Visões Reunidas: Obras Modernas e Contemporâneas da Coleção de Arte do
JPMorgan Chase", com cerca de 70 trabalhos de 60 artistas, para lembrar os 50
anos de coleções de arte do banco. "[Exposições] custam muito caro, e não há no
momento muito dinheiro disponível para isso. Em 2008, foi dificílimo levantar
fundos. Portanto, onde quer que consigamos criar parcerias e consórcios, todos
se beneficiam."
Block disse que a exposição também permitiu ao Museu do Bronx preencher duas
galerias que, de outro modo, teriam ficado fechadas (devido a restrições de
orçamento) durante os dois meses de duração da mostra. "Foi uma oportunidade
incrível", disse ela. "É a primeira vez que temos alguma coisa de Andy Warhol no
Museu do Bronx."
Em conjunto com a exposição, o JPMorgan Chase também doou "Brainwashing Cult
Cons Top TV Star", um acrílico sobre tela de Martin Wong, criado em 1981.
Lançado há dois anos, o programa do Bank of America promoveu 12 mostras em 2008
e outras dez até agora em 2009, com outras dez já programadas para 2010 e seis
para o ano seguinte.
"No início, éramos nós quem telefonávamos aos museus", contou Rena DeSisto,
executiva do banco para marketing global de artes e filantropia. "Agora, os
telefonemas são feitos a nós."
DeSisto disse que, inicialmente, o banco esperava levar suas exposições a
grandes museus, para reforçar sua credibilidade, mas que percebeu que seu acervo
pode exercer um papel importante para instituições dotadas de menos recursos.
"Museus de comunidades menores e mais carentes começaram a solicitar nosso
programa", disse ela. "Eles não podem se dar ao luxo de dizer 'não expomos
coleções de empresas'. E, francamente, não tratam a questão com uma atitude
esnobe."
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