São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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Havaí tenta refazer redes de energia

Usando a potência das ondas, do vento e das plantações

Por FELICITY BARRINGER

NAALEHU, Havaí - A mais ou menos 3 km da pequena cidade de Naalehu, no recanto mais meridional dos Estados Unidos, em fazendas onde o gado pasta sob o distante vulcão Mauna Loa, as turbinas gigantescas de uma nova fazenda eólica cortam o ar.
A 95 km dali, perto de um local onde torrentes de lava vermelha-dourada se encontram com o mar em nuvens de vapor, uma pequena usina de energia extrai o calor da rocha vulcânica embaixo dela para gerar eletricidade.
Esses projetos são apenas uma parte do experimento energético que se desenvolve nas seis principais ilhas do Havaí.
Com o mais diversificado potencial de energia alternativa de todos os Estados americanos, o Havaí decidiu se tornar um laboratório vivo para os demais, esperando que possa cortar sua dependência de combustíveis fósseis enquanto mantém as luzes acesas.
Cada ilha tem ao menos um destaque energético: as ondas em Maui, o vento em Lanai e Molokai, painéis solares em Oahu e, eventualmente, se tudo der certo, energia de biomassa das plantações em Kauai. Na Grande Ilha do Havaí, a água do mar também está sendo transformada em eletricidade.
Mas o Estado enfrenta desafios para entregar a energia às pessoas que precisam dela. Enquanto a urbanização ao redor de Honolulu consome o grosso da energia, a maioria das potenciais fontes renováveis está longe da cidade, a 240 km a sudeste ou 160 km a noroeste.
Cada 1 das 6 redes elétricas do Estado pertence a sua própria ilha e não é ligada às outras. E, segundo números oficiais, o Havaí ainda depende de petróleo importado para gerar 77% de sua eletricidade, um nível de dependência único nos EUA. A energia gerada por carvão fornece 14%, e 9% vêm de fontes renováveis como o vento ou o sol.
A governadora do Havaí, Linda Lingle, republicana, resolveu se livrar da dependência do petróleo e utilizar o potencial do Estado.
O Havaí pretende gerar 14% de sua energia de fontes renováveis até 2030. As seis redes do Estado serão interligadas por cabos, e os planejadores esperam que medidas de conservação, como baixar a potência do ar-condicionado nos hotéis, reduzam o consumo energético no Havaí em cerca de 33%.
Trinta anos atrás, o Havaí mapeou uma visão semelhante que não deu em nada. Desta vez, os planejadores dizem que o fracasso não é uma opção . "Não temos outro lugar para ir", disse Ted Peck, diretor da Iniciativa de Energia Limpa do Havaí, supervisionada pelo Departamento Estadual de Comércio, Desenvolvimento e Turismo.
Os planejadores se lembram dos detritos de antigos fracassos, como as turbinas enferrujadas de uma fazenda eólica defunta na extremidade sul da Grande Ilha. "Essa transformação vai levar uma geração", disse Ted Liu, diretor do Departamento de Desenvolvimento. "Não há soluções fáceis em curto prazo."


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