São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Celulares servem como bibliotecas de bolso

Usuário pesa custo, conveniência e cansaço dos olhos

Por MOTOKO RICH e BRAD STONE

Com o Kindle, da Amazon, os leitores podem espremer centenas de livros em um dispositivo menor do que a maioria dos volumes de capa dura. Mas, para alguns, o aparelho não é pequeno o suficiente.
Muita gente está descobrindo que pode ler livros nos seus "smartphones", sem ter de gastar US$ 250 a US$ 350 na compra de mais um produto eletrônico. "Esses 'e-readers' que custam muito dinheiro só fazem uma coisa", disse a farmacêutica Keishon Tutt, 37, do Texas, que compra 10 a 12 livros por mês para ler no seu iPhone, da Apple. "Eu gosto de ter um dispositivo multifuncional. Assisto a filmes e ouço minhas músicas."
Amazon, Barnes & Noble e várias outras empresas menores já lançaram softwares de leitura de livros para o iPhone e outros dispositivos móveis. Um em cada cinco aplicativos lançados no mês passado para o iPhone era um livro, segundo a empresa de pesquisas Flurry.
Toda essa atividade desperta uma questão: será que o futuro da leitura de livros está em dispositivos exclusivos, como o Kindle, ou em equipamentos mais diversos, como os celulares? Até agora, os softwares de leitura para telefones não parecem ter reduzido a demanda por "e-readers" com uma só função. Segundo o Codex Group, consultoria do setor editorial, cerca de 1,7 milhão de pessoas já tem um leitor, e o número pode subir para 4 milhões nesta temporada de festas de fim de ano.
Mas há hoje 84 milhões de "smartphones" que podem utilizar aplicativos só nos EUA, segundo a empresa de pesquisas IDC.
A Apple já vendeu mais de 50 milhões de iPhones e iPod Touches, e ambos rodam softwares de leitura de livros.
A própria Apple não considera o iPhone como o máximo em termos de dispositivo para leitura. No ano que vem, ela deve agitar ainda mais o mercado do "e-book" se, conforme o esperado, lançar um computador "tablet" -um dispositivo maior do que um celular, que provavelmente rodará um software de leitura junto com outros programas destinados ao iPhone.
Muita gente costumava zombar da ideia de ler um livro numa tela de celular de 3,5 polegadas. Para muitos leitores, porém, a conveniência fala mais alto. "O iPod Touch está sempre à mão", disse Shannon Stacey, que já escreveu vários "e-romances". "É o meu calendário, é meu tudo, então meus livros estão sempre comigo." Stacey, dona também de um antigo Sony Reader, disse já comprou o dobro de livros para o seu iPod Touch do que para o Sony.
Embora o Kindle, o Reader e o Nook, da Barnes & Noble, usem telas que gastam pouca energia e têm tamanho semelhante ao de um livro comum de capa mole, eles têm limitações, como a leitura em cinza e branco e o acesso nulo ou apenas parcial à internet.
Ian Freed, vice-presidente da divisão Kindle da Amazon, disse que os clientes ainda compram mais livros para lerem no Kindle do que para seus aplicativos de iPhone, mas não quis revelar cifras. A Amazon está desenvolvendo um software de leitura de livros para o BlackBerry e para os computadores Macintosh; recentemente, lançou um programa para PCs com Windows.
"É uma experiência surpreendentemente agradável ler numa tela pequena", disse Josh Koppel, fundador da ScrollMotion, empresa de Nova York que já disponibilizou cerca de 25 mil "e-books" por intermédio da loja App Store, da Apple, e já vendeu mais de 200 mil cópias.
Empresas como ScrollMotion e BeamItDown vendem livros na forma de aplicativos individuais, de modo que romances como "Crepúsculo", de Stephenie Meyer, aparecem direto na App Store.
Já a Amazon e a Barnes & Noble distribuem softwares de leitura gratuitamente, e os usuários compram cada livro por meio de um navegador no telefone ou no computador.
As editoras agora se apressam em desenvolver novas formas de livros que atendam àqueles que os leem nos "smartphones" -livros que não funcionarão nos "e-readers" exclusivos de hoje.
Travis Bryant, diretor de produtos digitais da Keen Communications, pequena editora do Alabama, disse ter lido uma quantidade surpreendente de coisas enquanto esperava em filas. Ele contou que recentemente leu pelo iPhone o best-seller cristão alegórico "A Cabana" e o "thriller" histórico "O Legado dos Templários", de Steve Berry.
Mas Bryant admitiu que o iPhone, embora conveniente, não se presta a qualquer leitura. "Tenho um menino de três anos em casa, e ele realmente adora livros", disse Bryant. "Eu me lembro de surrupiar as estantes dos meus pais, e, se tudo estiver no iPhone, ele simplesmente não terá a tentação visual. Então, mantemos as estantes cheias."


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