São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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ENSAIO

STEVE LOHR

Sensores estudam prevenção de quedas de idosos

As quedas são tão nocivas para os idosos e tão custosas para a sociedade que poderiam ser consideradas uma epidemia.
Mais de um terço dos maiores de 65 anos caem por ano nos EUA. Cerca de 10% das quedas resultam em lesões graves, como fratura de quadril. Em torno de 20% dos idosos com fratura de quadril morrem no prazo de um ano. O custo estimado das quedas chega a US$ 75 bilhões por ano nos EUA, se forem incluídos gastos com cuidados domésticos e despesas médicas.
Há anos um pequeno grupo de geriatras estuda as quedas e sugere medidas preventivas. A maior parte do trabalho se baseia em consultas médicas e pesquisas com voluntários.
Mas, agora, os especialistas estão começando a aplicar ferramentas digitais -sensores baratos e sem fio, instalados em tapetes, roupas e cômodos, que servem para monitorar o andar e a atividade de um idoso. A medição contínua e a maior precisão garantidas por dispositivos informatizados simples, segundo os pesquisadores, prometem novas descobertas sobre os fatores de risco e sobre medidas de prevenção personalizadas.
Para um idoso, a queda costuma ser subproduto de algum outro problema de saúde: fraqueza cardiovascular, mudanças na medicação, princípio de demência, degeneração muscular gradual. Análises do movimento, por meio de sensores e computadores, podem, segundo os pesquisadores, dar origem a um novo "sinal vital", similar à pressão arterial, capaz de revelar pistas sobre a saúde.
"Nos últimos cem anos, a pesquisa clínica e a prática médica se basearam em consultas, exames e perguntas aos pacientes -pequenas biopsias de tempo na vida de uma pessoa", disse Jeffrey Kaye, professor de neurologia e engenharia biomédica da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon. "Mas a tecnologia agora nos dá a capacidade de obter dados da atividade comportamental o tempo todo, para um quadro muito mais detalhado, do mundo real, sobre o que está acontecendo com a saúde de uma pessoa."
O Instituto do Envelhecimento dos EUA está patrocinando algumas pesquisas iniciais. Richard Suzman, diretor de pesquisas comportamentais e sociais do instituto, disse que os estudos sobre os padrões de atividade dos idosos, inclusive sobre a detecção precoce de riscos, vão "cada vez mais usar sensores para fornecer esses dados de mais alta fidelidade". "É extremamente promissor", acrescentou.
A prevenção de quedas também promete ser parte de um setor emergente no mundo inteiro, o que ajuda os idosos a viver por mais tempo com independência em suas casas. A União Europeia, por exemplo, destinou € 1 bilhão (quase R$ 2,6 bilhões) para estudar e financiar tecnologias e serviços para os idosos.
Na Irlanda, a entidade Pesquisa Tecnológica para a Vida Independente concluiu recentemente um estudo de dois anos com 600 pessoas de 60 a 94 anos, submetidas a avaliações detalhadas do seu caminhar com ajuda de sensores. As medições exatas, segundo a geriatra Chie Wei Fan, do Trinity College, de Dublin, ajudam a criar programas de exercícios mais personalizados para músculos específicos, ou alterações em medicações para eliminar tonturas.
Fan disse que essas intervenções reduziram as quedas em 30% no grupo de estudo. Mas ela acha que seria possível chegar a 50% ou 60%. "Ainda estamos apanhando tarde demais os que caem", disse.


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